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Operação Porto Seguro

E-mails de Rosemary sugerem troca de favores com deputado

Ex-chefe de Gabinete da Presidência da República dizia que retorno que recebeu era pouco, perto do benefício que conseguiria

Rosemary Noronha: ex-assessora chegou a agendar reunião com o líder do governo, Cândido Vaccarezza | Denise  Andrade/AE
Rosemary Noronha: ex-assessora chegou a agendar reunião com o líder do governo, Cândido Vaccarezza (Foto: Denise Andrade/AE)

Além de usar os nomes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-ministro José Dirceu, a ex-chefe de gabinete da Presidência Rosemary Noronha procurou deputados petistas para, supostamente, tentar viabilizar seus negócios com o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Rodrigues Vieira. Ela chegou a se encontrar com o deputado Paulo Teixeira a pedido de Vieira e agendou uma reunião com o então líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza. No email em que cita Teixeira, ela sugere: "O retorno que recebi não é nada perto do que ele receberá".

Entre os e-mails interceptados pela Polícia Federal (PF) na operação Porto Seguro, Rose fala que "merece" os pagamentos recebidos de Vieira e diz aguardar "30 livros". Livros, para a PF, é o código para dinheiro no suposto esquema de Vieira. Segundo o Ministério Público Federal, todos os parlamentares citados no inquérito tiveram seus nomes enviados para o Supremo Tribunal Federal (STF) para avaliar se devem ser investigados, uma vez que gozam de foro privilegiado.

De acordo com o relatório da Polícia Federal sobre o suposto esquema de tráfico de influência no grupo liderado por Paulo Vieira, houve uma intensa troca de favores entre Rosemary e o ex-diretor da ANA. Entre 2009 e 2012, ela pediu 27 "favores" enquanto Paulo pediu 12 a ela. "Pelo o que você vê, meus pedidos são em número maior, mas muito pequenos em relação aos seus", escreveu Rosemary a Paulo, em 22 de abril de 2009.

Neste mesmo dia, ao ser pressionada por Vieira para a solução de seus favores, a chefe de gabinete responde que não gostou "nem um pouco" das cobranças e diz que o que "não está andando" é a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), possivelmente tratando da nomeação do irmão de Paulo, Rubens, para um cargo de direção.

"Quanto ao pagamento que está para chegar, considero que você não está me fazendo nenhum favor. Entendo que trabalhei muito com a gordinha. Você já esqueceu da reunião com o deputado Paulo Teixeira? Não foi coisa tão simples. O retorno que recebi não é nada perto do que ele receberá... Não nasci ontem, não sou boba. Se você acha que não está correto, aborte o envio dos 30 livros", escreveu Rose a Paulo.

Em nota, o deputado Paulo Teixeira disse ter recebido Rosemary em janeiro de 2009, sendo a única vez que a encontrou desde que assumiu uma vaga na Câmara (2007).Teixeira disse não ser a pessoa mencionada por Rose no trecho: "O retorno que recebi não é nada perto do que ele receberá...". O deputado fala ainda que nunca se encontrou com Paulo Vieira.

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