
E-mails obtidos pelos investigadores da Operação Lava Jato indicam que executivos da empreiteira Odebrecht tiveram acesso a informações confidenciais da Petrobras e influenciaram decisão da estatal de petróleo, segundo relatório da Polícia Federal detalhado pelo jornal O Globo na edição desta sexta-feira (10).
Segundo a análise da Polícia Federal, e-mail escrito em junho de 2007 pelo então executivo da Odebrecht Rogério Araújo para outros diretores da companhia mostra que ele obteve o valor do orçamento da obra de terraplenagem da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que era sigiloso à época da licitação da Petrobras.
Na mensagem, Araújo afirma: “o orçamento interno do cliente está na faixa de 150 a 180 M Reais [milhões de reais], o que obviamente não dá”.
Mudança de preço
Araújo relata ainda que falou com “interlocutores” para apontar que o preço de mercado para esse tipo de obra era de o dobro do previsto pela estatal, e que “Engenharia” estaria trabalhando na revisão do orçamento.
De acordo com a Polícia Federal, a meta de Araújo foi alcançada, pois o contrato de terraplenagem da refinaria foi fechado pelo montante de R$ 429 milhões com um consórcio integrado pela Odebrecht.
O e-mail foi usado pela PF como um dos fundamentos para pedir à Justiça as prisões de executivos da Odebrecht na 15ª fase da Operação Lava Jato, que foi efetivada no último dia 19.
Outro lado
Em nota, a Odebrecht diz lamentar “que e-mails em poder da Polícia Federal desde novembro venham a público fora de contexto, prejudicando o exercício do contraditório”.
A companhia afirma que mantém relações com a Petrobras há muitos anos, como fornecedora, cliente e sócia, e “este relacionamento, como todos os demais da Odebrecht, ocorre rigorosamente dentro da lei, com ética e transparência”.
“Todos os contratos de prestação de serviços conquistados com a Petrobras ocorreram de acordo com a legislação aplicável”, completa a nota.



