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A campanha para a prefeitura de Curitiba, que corria tranqüila a três semanas das eleições, esquentou nos bastidores políticos, nesta quarta-feira (17). Reportagem publicada pela Agência Folha na terça-feira (16) afirma que a Polícia Civil investiga o suposto uso de "laranjas" em cargos de confiança no gabinete de Beto Richa (PSDB), quando ele era deputado estadual na Assembléia Legislativa, de 1995 a 2000.

Segundo a reportagem, assinada pelo jornalista Dimitri do Valle, o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) ouviu depoimentos de três pessoas que trabalharam no gabinete de Beto Richa. Os adversários do prefeito, que disputa a reeleição e tem mais de 70% de intenções de votos, segundo as pesquisas eleitorais, aproveitaram a denúncia de que Richa estaria envolvido com funcionários fantasmas e se mobilizaram nesta quarta-feira (17).

A notícia promoveu uma verdadeira peregrinação durante a tarde de assessores e representantes de cinco candidatos à prefeitura. Os partidos PMDB do candidato Carlos Moreira, PT de Gleisi Hoffmann, PCdoB de Ricardo Gomyde, e PV de Maurício Furtado se uniram para apresentar um pedido de investigação no Ministério Público para que as denúncias contra Beto Richa sejam apuradas.

Segundo a assessoria de imprensa do MP, os candidatos não foram ao órgão, mas estavam representados pelos presidentes dos partidos e por assessores de imprensa. A TV Educativa, tevê pública do governo estadual, também esteve presente para acompanhar o pedido de investigação feito no MP. Entre a "comitiva" estavam Doático Santos, presidente municipal do PMDB, André Passos, presidente municipal do PT, Milton Alves, presidente municipal do PCdoB e Aloísio do Nascimento, vice-presidente do PV.

No entanto, a resposta que tiveram no MP não foi muito animadora. Todos foram recebidos pelo procurador de Justiça Bruno Galatti, que é o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça Eleitoral do Paraná, e tiveram como resposta que o caso vai ser encaminhado para a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público para investigação. No entanto, não há nenhum prazo para algum julgamento.

Depois do Ministério Público, a "comitiva" também passou pela Assembléia Legislativa, às 16h15. Na Casa legislativa os partidos pediram que seja aberta uma sindicância interna para apurar as responsabilidades e se houve improbidade administrativa enquanto Beto Richa era deputado estadual.

Na manhã de quinta-feira (18), os representantes do PMDB, PT, PCdoB e PV irão ao Tribunal de Contas do Estado (TC) pedir uma auditoria para investigar as denúncias de funcionários fantasmas.

PTB não participou

Ao contrário do que foi divulgado anteriormente, o candidato Fabio Camargo do PTB não participou do grupo político que pediu a investigação sobre as denúncias contra Beto Richa. O nome do candidato estava no documento encaminhado ao MP e à Assembléia Legislativa, mas ele não o assinou. Ninguém do partido participou do movimento na tarde desta quarta-feira.

Por meio da assessoria de imprensa, Fabio Camargo afirmou que agora é hora para apresentar propostas e não tumultar as eleições. O candidato disse que se houve irregularidades elas devem ser investigadas pelos mecanismos competentes.

Esquema Gafanhoto

O jornal Gazeta do Povo publicou uma série de denúncias sobre funcionários fantasmas na Assembléia Legislativa. Segundo o que foi apurado, funcionários de deputados e ex-deputados autorizavam que seus salários fossem depositados numa única conta corrente.

Em alguns casos, o titular da conta era o próprio deputado, um parente seu ou seu chefe de gabinete. Parte dos funcionários que autorizaram o depósito nunca teriam trabalhado na Assembléia. Outros recebiam um valor inferior ao salário oficial; a diferença supostamente seria embolsada pelo titular ou pelo deputado.

A investigação começou em 2006 e se concentra nos depósitos feitos pela Assembléia Legislativa do Paraná dos salários de vários servidores da Casa no período de 2001 a 2004. Outro braço da investigação apura casos de funcionários fantasmas na Assembléia. Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF) investigam o caso.

Sogra fantasma

Essa não foi a primeira vez que o nome de Beto Richa é ligado a casos de funcionários fantasmas na Assembléia. Em agosto do ano passado, o ex-chefe de gabinete da prefeitura Ezequias Moreira Rodrigues se envolveu numa denúncia de funcionários fantasmas na Assembléia Legislativa. A sogra de Rodrigues, Verônica Durau, recebia salários da Assembléia sem nunca ter trabalhado na Casa. O dinheiro ia direto para a conta de Ezequias. A denúncia foi publicada pela Gazeta do Povo em agosto do ano passado.

Sem cabimento

Para o advogado Ivan Bonilha, que faz a assessoria jurídica da campanha de Beto Richa, essa denúncia apresentada pelos outros candidatos é uma armação para chamar a atenção da mídia e tentar abalar a imagem e popularidade de Beto Richa. "Isso é uma maluquice, um oportunismo fenomenal", disse Bonilha. O advogado afirmou que ainda estão estudando o material para definir o que farão.

"Ainda estamos tomando pé dessa quinquilharia que apresentaram. Amanhã (quinta-feira) vou ao Cope pedir uma fotocópia disso [do pedido de investigação]", afirmou. "Isso é uma piada, é uma historinha feita para macular a imagem de Beto Richa às portas das eleições. Foi totalmente sem cabimento", definiu.

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