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“Quem, como eu, defendeu a democracia e o direito de opinião, arriscando a própria vida, é naturalmente um amante da liberdade.” - Dilma Rousseff (PT), presidente eleita do Brasil. |
“Quem, como eu, defendeu a democracia e o direito de opinião, arriscando a própria vida, é naturalmente um amante da liberdade.” - Dilma Rousseff (PT), presidente eleita do Brasil.| Foto:

A terceira opção

A caminhada de Dilma Rousseff rumo à Presidência vinha se delineando desde 2005, quando escândalos começaram a tirar da disputa outros petistas mais cotados do que ela para suceder Lula:

Dirceu, o 1º abatido (foto 2)

O primeiro a ser derrubado pelos escândalos foi José Dirceu. Principal personagem do caso do mensalão, ele é substituído na Casa Civil por Dilma, em 2005, quando ela deixa o Ministério de Minas e Energia.

Palocci e o caseiro (foto 1)

Outro cotado pelos petistas para suceder Lula, Antonio Palocci é demitido do Ministério da Fazenda em março de 2006, depois de se envolver na quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa.

Primeiros rumores

Dois anos depois de assumir a Casa Civil, em 2007, Dilma começa a ser cotada para disputar a sucessão de Lula em 2010.

A "mãe do PAC"

Na Casa Civil, Dilma assume a coordenação dos principais projetos do governo, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em março de 2008, Lula batiza a ministra de "mãe do PAC".

A escolhida do chefe

No fim de 2008, Lula assume a intenção de indicar Dilma para a Presidência. Num encontro com jornalistas, o presidente afirma que ela seria "a pessoa mais gabaritada para assumir a função de presidente da República". No início de 2009, Dilma aparece "repaginada", após intervenções estéticas – em mais um sinal de que se preparava para assumir a candidatura.

O câncer e a dúvida

Em abril de 2009, Dilma informa o país que estava com um câncer linfático. O anúncio da doença deixa petistas e aliados apreensivos com a evolução do tratamento e a possibilidade de Dilma não ser a candidata. Mas o câncer é detectado na fase inicial e a ministra consegue se curar.

A oficialização

Com uma grande festa, o PT indica Dilma como pré-candidata do partido à Presidência em fevereiro deste ano (em junho sua candidatura seria oficialmente confirmada). Ela deixa a Casa Civil no fim de março e o cargo é assumido por Erenice Guerra, que deixa a pasta em setembro por suspeita de tráfico de influência.

A campanha

Dilma faz uma campanha marcada pela dependência da imagem do presidente Lula, que sube no palanque diversas vezes com a ex-ministra e chega a fazer comícios sem a presença dela. Essa dependência de Lula é criticada por adversários, que tacham Dilma de marionete do presidente. A ex-ministra também enfrenta durante a campanha uma rede de boatos na internet. Os e-mails tratavam desde a atuação de Dilma no período da ditadura militar até da opção sexual dela. O posicionamento de Dilma no passado a favor da descriminalização do aborto também é motivo de questionamentos e ataques, principalmente de setores católicos e evangélicos.

  • Palocci, envolvimento no escândalo da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa.
  • José Dirceu: caravana de mobilização.

A continuidade venceu a alternância de poder. A petista Dilma Rousseff, "pupila" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi eleita ontem com 55,7 milhões de votos (56,05% dos votos válidos), batendo o tucano José Serra, que recebeu o apoio de 43,7 milhões de brasileiros (43,95% dos votos válidos). Com o resultado, ela se tornou a primeira mulher a ser eleita presidente da República.

A abstenção, temida pelos tucanos por causa do feriadão de Finados, ficou dentro do esperado: 29,1 milhões de brasileiros não votaram, o que representa 21,5% de um total de 135 milhões de eleitores aptos a votar. Os votos nulos e brancos somaram, respectivamente, 4,7 milhões (4,4% do total dos votantes) e 2,4 milhões (2,3%).

Apoio de Lula

Dilma Rousseff, 62 anos, é a primeira mulher a assumir o cargo máximo do Brasil. Para isso, contou com o apoio da máquina federal e do presidente Lula, recordista de aprovação popular (83%, segundo o Datafolha) e responsável direto pela escolha dela para sucedê-lo. Lula, aliás, é o primeiro presidente eleito a conseguir fazer seu sucessor desde 1930 – Itamar Franco elegeu Fernando Henrique Cardoso em 1994, mas não foi escolhido pelo voto (ele assumiu o cargo com o impeachment de Fernando Collor).

A eleição de Dilma também mostra a superação de outras barreiras. Inexperiente nas urnas, ela bateu José Serra, 68 anos, secretário de estado, deputado, senador, ministro, prefeito e governador.

Entretanto, a vitória – que em alguns momentos parecia fácil – foi cheia de percalços. A partir de julho, Dilma começou a subir nas pesquisas de intenção de voto e ultrapassou Serra, que até então liderava a corrida eleitoral.

No início de setembro, os levantamentos indicavam que a eleição da petista seria liquidada ainda no primeiro turno. A reviravolta teve início com os escândalos que atingiram o governo federal. Erenice Guerra, braço direito de Dilma e sua sucessora na Casa Civil, deixou o cargo em 16 de setembro, em meio a denúncias de tráfico de influência e corrupção.

Dilma também enfrentou a ira de religiosos conservadores. Por meio de vídeos na internet ou sermões ao vivo, padres e pastores começaram a se posicionar contra Dilma, que já declarou ser favorável ao aborto. Essas dificuldades fizeram a petista perder eleitores, dos quais muitos migraram para Marina Silva (PV) – que teve 19,3% dos votos válidos no primeiro turno e depois se manteve neutra.

No segundo turno, Dilma se comprometeu a não modificar a atual legislação sobre o aborto, que autoriza a interrupção da gra­­­­­­­videz nos casos de es­­­tupro e risco de morte da gestante. Na quinta-feira, o Papa Bento XVI disse a bispos brasileiros que era preciso orientar os fieis para não votarem em candidatos favoráveis ao aborto ou à eutanásia.

Comemoração

Dilma foi proclamada eleita às 20h04 pelo mi­­­­nistro Ricardo Lewan­­dowski, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por volta das 21h30, Dilma se dirigiu ao Hotel Naoum, na capital federal, onde fez um pronunciamento ao lado de aliados políticos de todo o país. Dentre outros assuntos, disse que irá governar para todos, estendendo a mão para os opositores, após uma campanha marcada pelo acirramento de ânimos.

As primeiras declarações de opositores de Dilma após a proclamação do resultado, porém, mostram que a petista enfrentará obstáculos maiores do que Lula. Serra e aliados prometeram fazer um trabalho mais aguerrido de oposição.

A presidente eleita, entretanto, tem um bom escudo para enfrentar os adversários. Os partidos coligados com Dilma fizeram a grande maioria dos vencedores no Legislativo e nos governos estaduais. Todos eles devem ajudar a petista a governar num período que deve ser um dos mais promissores para o Brasil em termos econômicos. O início da exploração de petróleo na camada de pré-sal, a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016 prenunciam uma fase de grande crescimento econômico.

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