
As eleições para presidente, governador, senador e para deputados federal e estadual contam este ano com 2.904 candidatos com mais de 60 anos, o que representa cerca de 13% do total de inscritos junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No Paraná, a média se assemelha à nacional e os idosos somam 134 das 1.017 candidaturas registradas. A quantidade de candidatos idosos cresceu em relação às últimas eleições gerais, de 2006. Na faixa etária dos 70 a 79 anos, por exemplo, o aumento foi de 30%. Ainda longe de se aposentarem, eles ocupam diversas funções, como a de corretor, médico, advogado, empresário, vendedor e de comerciante. A experiência de vida e a maturidade são apontadas pelos próprios candidatos como vantagens competitivas em relação aos adversários mais jovens. Segundo eles, a idade lhes confere maior capacidade de colaborar para os rumos que o país deve tomar politicamente. No Brasil, o eleitor que completa 70 anos pode optar pelo voto facultativo. A idade avançada, porém, não é o impede de se candidatar a qualquer cargo eletivo (veja quadro).
Mas quem imagina que boas ideias combinadas à experiência de vida são suficientes para garantir a eleição, se engana. De acordo com o cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná Ricardo de Oliveira, o eleitor prefere aquele que tem uma certa experiência política, seja própria ou de família.
Atraídos pelas vantagens econômicas, pelo status e pelo prestígio que um cargo político oferece, muitos dos candidatos tardios acreditam que poderão colaborar com o país, ocupando uma vaga no Legislativo ou no Executivo, mas não se dão conta de que apenas boa vontade não basta. "A população de idosos está crescendo. Vivendo mais e melhor, eles encontram na política uma nova ocupação. Mas, sem tradição na vida pública ou no meio empresarial, encontram espaço apenas em partidos pequenos para compor chapa, o que garante pouca chance de ser eleito", avalia Oliveira.
A idade também não é argumento para convencer o eleitor. "A política é para profissionais, não há espaço para a ingenuidade. Mais do que boas propostas, é preciso ter o chamado capital político, ou seja, uma rede muito bem articulada, tradição e dinheiro. Idoso não vota em idoso, assim como mulher não vota em mulher", explica.
Candidatos
No Paraná, a vereadora e candidata a deputada estadual Dona Lourdes (PSB), de 82 anos, é a mais idosa. Entre os veteranos políticos, o deputado Affonso Camargo (PSDB) está entre os mais experientes. Aos 81 anos, tenta a reeleição na Câmara Federal pela quarta vez são 32 anos de Congresso Nacional. Neto e sobrinho de ex-governadores, já foi vice-governador e senador por dois mandatos. "Política é missão, não é profissão. Continuarei na vida pública até que a juíza urna me permita."
Eventuais problemas de saúde causados pelo envelhecimento não preocupam o deputado. De acordo com ele, a longevidade também é uma qualidade que herdou da família. "Minha mãe completa 103 anos em 2010. Tenho uma tia com 110 anos. Se seguir na mesma linha, tenho mais 20 anos para atuar na política", projetou. Sentindo-se muito bem disposto, diz que tem sofrido apenas os efeitos do estresse, motivo pelo qual se licenciou algumas vezes para se tratar. Neste ano, o deputado faltou a 83 das 95 sessões realizadas em Brasília 71 delas foram justificadas, segundo o site da Câmara Federal.
Entre os novatos na disputa eleitoral está o ex-jogador de futebol Raul Plassmann, 65 anos. Candidato a deputado federal pelo PSC, diz ter decidido investir na carreira pública incentivado pelas atuais mudanças na política brasileira. "A lei da Ficha Limpa e a política mais transparente me fizeram pensar que também posso contribuir com o país nesse momento ímpar pelo qual está passando. Minhas propostas seguem nesse mesmo caminho", justifica.




