Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Lobby no Planalto

Erenice Guerra mantém cargos na Eletrobras, BNDES e Chesf

A ex-ministra, que deixou o governo por causa do escândalo de tráfico de influência na Casa Civil, ocupa uma das 11 vagas no conselho do banco e recebe um salário de R$ 5.122 por mês

Erenice Guerra: escândalo sobre o tráfico de influência montado pelo filho, Israel Guerra, forçou a queda da ministra na Casa Civil | Wilson Dias / Agência Brasil
Erenice Guerra: escândalo sobre o tráfico de influência montado pelo filho, Israel Guerra, forçou a queda da ministra na Casa Civil (Foto: Wilson Dias / Agência Brasil)

Brasília - Cinco dias depois de ter pedido demissão da Casa Civil, Erenice Guerra mantém cargos no conselho da Eletrobras, da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e também no Banco Nacional de Desenvol­­­vimento Econômico e Social (BNDES) – órgão que estaria na raiz do esquema de lobby e tráfico de influência montado por Israel Guerra, filho da ex-ministra, que motivou a queda de Erenice.

Com salário de R$ 5.122 men­­­sais para participar de uma reunião a cada três meses, Erenice Guerra ocupa uma das 11 vagas no conselho de administração do BNDES, sob indicação do Mi­­nistério do Desenvol­­­vimento, Indústria e Comércio Exterior, comandado por Miguel Jorge.

Erenice fazia parte do conselho fiscal do BNDES desde abril de 2008. No dia 13 de maio último, o Diário Oficial informou a exoneração de Erenice Guerra desta vaga e a nomeação, no mesmo dia, para um conselho mais importante dentro do banco, o de administração. Subs­­­tituiu a vaga deixada pela presidenciável petista Dilma Rousseff. O decreto é assinado pelo presidente Lula.

Empréstimo

Segundo denúncia do consultor Rubnei Quícoli, representante da EDRB do Brasil Ltda, ao tentar um empréstimo de R$ 9 bilhões com o BNDES para um projeto de produção de energia eólica, foi encaminhado por um funcionário da Casa Civil a contratar a empresa Capital Assessoria e Consultoria. A empresa é cadastrada em nome de Saulo Guerra, também filho da ex-ministra.

Quícoli teria sido pressionado a pagar R$ 240 mil para viabilizar o empréstimo, que acabou não sendo efetivado, segundo ele, por não ter entregado o valor cobrado. Ainda segundo o consultor, um homem chamado Estevan seria a ponte entre a Casa Civil e o BNDES, e teria se identificado como filho do presidente do banco, Luciano Coutinho.

Em nota, o BNDES disse "repudiar" as denúncias e informou que o empréstimo solicitado pela EDRB não foi liberado porque "o montante solicitado", que seria de R$ 2,25 bilhões e não R$ 9 bilhões, "era incompatível com o porte da referida empresa".

Eletrobras

O suposto esquema de "lobby" montado por Israel Guerra, filho da ex-ministra, também envolveria patrocínio esportivo concedido pela Eletrobras. Segundo reportagem da revista Veja, a Eletrobras concedeu, em 2008, patrocínio de R$ 200 mil à Racing Corsini, equipe de motovelocidade do piloto Luiz Corsini, que afirma ter pago R$ 40 mil a Israel Guerra como "taxa de sucesso" do negócio.

Mesmo depois da demissão da Casa Civil, Erenice Guerra também aparece como conselheira de administração da Eletrobras e da Chesf, com gratificação de R$ 3,8 mil para participar de uma reunião mensal. Na Chesf, as reuniões também ocorrem mensalmente.

* * * * *

Interatividade

Os cargos nos conselhos das estatais deveriam ser ocupados apenas por técnicos das empresas?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.