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O gaúcho David Ambrósio, 65 anos, chegou há 40 anos em Chopinzinho para trabalhar na agricultura, mas acabou ganhando a vida com a produção de leite. Hoje são 208 mil litros por ano. | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
O gaúcho David Ambrósio, 65 anos, chegou há 40 anos em Chopinzinho para trabalhar na agricultura, mas acabou ganhando a vida com a produção de leite. Hoje são 208 mil litros por ano.| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Interatividade

Confira a opinião dos moradores sobre as necessidades da Região Sudoeste:

"A região é esquecida pelos governos estaduais. Nossa região tem uma logística pífia, pois não temos linha férrea ou linha aérea e nossas rodovias estão em cacos. Assim fica complicado uma grande empresa se instalar na região."

Rafael Motter

"Considerando-se os índices de desenvolvimento de nossa cidade e a democratização do uso do transporte aéreo, é absurdo termos que nos deslocar até Chapecó (SC) para pegar uma avião com destino a São Paulo ou mesmo Curitiba. A política pública de transporte envolve investimentos, dos governos estadual e federal, também no setor áereo. Somente com a construção de um aeroporto regional que atenda todo o Sudoeste o desenvolvimento da região será garantido."

Durval Hinckel

"Atendimento ao usuário de crack."

Daniel Roberto

"Tendo em vista a característica da cidade de Pato Branco, como polo regional, é imprescindível que sejam destinados recursos para a construção de um aeroporto regional na cidade."

Erlon Fernando Ceni de Oliveira

O gaúcho David Natal Ambrósio, 65 anos, chegou a Chopinzinho em 1973 ao lado da mulher, Vilma, e com uma gaita debaixo do braço, com a qual até hoje toca músicas tradicionalistas do Rio Grande do Sul. Veio para ganhar a vida na agricultura, mas há 40 anos não imaginava que o leite seria sua principal fonte de renda. Segundo ele, cuidar do leite "era ocupação da mulher, que tirava um pouco apenas para o café". Hoje, Ambrósio e os dois filhos sustentam três famílias com a produção de 208 mil litros por ano. Ele tem cerca de 100 vacas em confinamento, 40 delas em lactação. Todo o leite da família é entregue a um laticínio de Saudade do Iguaçu, que produz queijo.

O caso da família Ambrósio, entretanto, é uma exceção no Sudoeste. Quase toda a produção leiteira sai in natura para outras regiões e em alguns casos para outros estados – como Minas Gerais e Rio Grande do Sul – para ser industrializada. Por isso uma das principais necessidades da região é atrair investimentos para que o leite da região seja transformado em produto em pó ou em queijos. O valor agregado aumentaria a renda do Sudoeste. A região tem um rebanho de 115 mil animais em lactação e produz 359,1 milhões de litros por ano.

Soja e milho

O exemplo do leite pode ser aplicado a outros produtos, como a soja e o milho que na maior parte saem da região sem nenhum beneficiamento industrial. "Se tivéssemos uma industrialização maior, melhoraria o preço. Mudaria o valor e receberíamos um pouco mais. Isso ajudaria no desenvolvimento do município, que teria geração de emprego aqui mesmo", comenta o filho mais velho de David, Rogério Ambrósio. Segundo ele, o plano é aumentar o número de vacas leiteiras. "A ideia é alcançar o número de 100 vacas em lactação daqui a três anos", revela.

Diversificar a produção tende a ser o futuro das pequenas propriedades do Sudoeste, deixando de lado as grandes culturas mecanizadas, como o soja e o milho, devido aos custos altos de produção. David começou a notar isso em 1992 e resolveu iniciar a produção de leite em larga escala, de forma comercial. Na época, a principal atividade da propriedade era o plantio de grãos, o que foi cada vez mais sendo deixado de lado. Em 1995 o leite virou a principal fonte de renda da família. "O produtor sabe produzir leite, mas não sabe processar", diz David. Exemplo disso é a dificuldade enfrentada pela pequena cooperativa de produtores de Chopizinho, da mesma maneira que a recém-instalada fábrica de leite em pó em Pato Branco, que ainda produz pouco perto do potencial regional.

Homem no campo

A consolidação do processo de agroindustrialização que a região Sudoeste busca há vários anos ajuda a manter as famílias no campo. Graças ao crescimento do mercado de leite, os dois filhos de David continuaram na propriedade. As duas filhas se casaram e deixaram a propriedade. O Sudoeste mantém um dos maiores porcentuais do Estado (39%) de famílias morando na área rural. Segundo dados do Censo de 2000, dos 557 mil moradores, 338 mil viviam nas cidades e 219 mil permaneciam no meio rural.

Para consolidar essa característica, não adianta apenas montar as fábricas: também é preciso qualificar a mão de obra. "Estamos bem servidos de universidades. Temos quatro públicas e umas quatro particulares, mas precisamos de cursos profissionalizantes de curta duração, que formem padeiros e trabalhadores nas áreas de metal mecânica e da construção civil", avalia o coordenador das Associações Comerciais, Industriais e Agrí­colas do Sudoeste do Paraná, Luiz Carlos Peretti.

O coordenador do curso de Administração da Universidade Paranaense (Unipar) em Fran­cisco Beltrão, Sérgio Fernandes, tem a mesma opinião. "A região tem se desenvolvido ultimamente na área do vestuário e de engenharia de software. Precisamos de uma maior participação das universidades, para capacitar a mão de obra em Administração e Sistemas de Informação e estimular o empreendedorismo dos jovens. Também precisamos que os empresários atualizem suas empresas e façam novos investimentos."

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