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Samuel Heck cria frangos e passou a investir em uma horta para tentar aumentar a renda de sua propriedade, em Carambeí. Pequenos agricultores ainda enfrentam dificuldades na região dos Campos Gerais | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Samuel Heck cria frangos e passou a investir em uma horta para tentar aumentar a renda de sua propriedade, em Carambeí. Pequenos agricultores ainda enfrentam dificuldades na região dos Campos Gerais| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Novo aeroporto e mais ferrovias

Ponta Grossa é cortada por três rodovias: a BR-376 (ligação com Curitiba e o Norte do estado), a BR-373 (saída para Guarapuava e o Oeste) e a PR-151 (ligação com Castro e o Norte Pioneiro). Por isso, a cidade é considerada o maior entroncamento rodoviário do Paraná.

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Interatividade

Internautas podem comentar sobre as principais necessidades de cada região do estado. Confira a opinião de moradores dos Campos Gerais:

"Há mais de 20 anos Ponta Grossa teve seu último estudo da malha viária da cidade. Nos últimos anos nada foi feito para acompanhar e adequar o trânsito ao crescimento do número de veículos, seja com a instalação de novos semáforos ou sinalização eletrônica para passagem de pedestres. Um problema comum a todas as cidades é agravado em Ponta Grossa por absoluta falta de ação, fazendo com que tenhamos problemas de trânsito de uma cidade de porte muito maior."

Wolfgang J. Meyer

"A saúde em Arapoti está tão ruim que não tem o que comentar."

Fabiano Betim

"Segurança quase inexistente."

Marcos Breda

"Aumentar os cursos de Medicina e colocar os recém-formados para atender a população. Afinal, quem paga a formação dos médicos é a polulação."

Valtimi Machado

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  • A apenas 25 quilômetros de Heck, uma cooperativa dá suporte aos 14 mil litros de leite produzidos diariamente na propriedade de Lucas Rabbers, em Castrolanda. Modelo poderia ajudar os pequenos produtores da região

Samuel Heck, 55 anos, é agricultor em Carambeí, mas só vê de longe os números da produção agrícola dos Campos Gerais. A região é a maior produtora de milho do Paraná, com 1,2 milhão de toneladas colhidas na safra 2009/2010, o que representa 6% do total estadual. A produção de soja é 1,4 milhão de toneladas por ano, o que equivale a 10% do total do estado. Além disso, a região tem a maior bacia leiteira do Paraná e grandes indústrias de papel e madeira. Só que Heck não participa dessa riqueza. Desde o início da década ele cria frangos e há dois anos passou a investir em uma horta, para tentar aumentar a renda em sua pequena propriedade.

A história de Heck é um retrato do desenvolvimento agrícola dos Campos Gerais, que privilegiou a agricultura extensiva e mecanizada, baseada na produção de soja e milho, e deixou de lado os pequenos agricultores. "O grande produtor já está suficientemente integrado, o produtor de milho e de soja está bem servido. Mas o pequeno produtor não se beneficia da estrutura disponível. Precisamos de agroindústrias voltadas para a pequena propriedade", defende Edson Armando Silva, mestre em História Econômica da região dos Campos Gerais e professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Muitos desses pequenos proprietários de terra buscaram uma fonte segura de renda na produção integrada do frango. O abatedouro cede o pintinho e dá assistência técnica. O agricultor fica responsável pela engorda e pelos cuidados sanitários. Mas, como a quantidade de agricultores na região é grande, o preço do frango já não é tão atrativo. "A empresa tem judiado. No começo, o preço era bom, agora eles têm muitas exigências", revela Heck, que sustenta a mulher e o filho mais novo.

Como ele, outros agricultores de Carambeí começaram a buscar fontes alternativas de renda. Unido a outros oito pequenos proprietários, Rech formou uma associação de produtores de verduras de Carambeí. O desafio é comercializar repolhos, brócolis e alfaces. "Produzir não é o problema. Comercializar é que é difícil", diz Heck. "Começamos uma feira livre na cidade, mas não temos um ponto de entrega, não temos acesso aos mercados."

Para o professor do mestrado em Ciências Sociais e de Gestão do Território da UEPG, Luiz Alexandre Cunha, um plano para desenvolver econômica e socialmente os Campos Gerais deve envolver os pequenos proprietários. "Precisamos que os pequenos agricultores tenham acesso à educação, à formação técnica e a um outro emprego fora da propriedade agrícola, que ajude a complementar a renda da família", diz.

Outro lado

O contraste entre os grandes e os pequenos agricultores é grande. A 25 km da propriedade de Heck está a fazenda de Lucas Rabbers, 49 anos, no distrito de Castro­landa, em Castro. O neto de imigrantes holandeses herdou 40 alqueires de terra do pai, que dividiu uma propriedade entre os oito filhos. Ele tem 100 alqueires, onde produz 14 mil litros de leite por dia. A propriedade tem 16 empregados e 900 vacas, 450 delas em lactação.

Os animais são criados no sistema de confinamento e boa parte da área da fazenda é usada para pasto e silagem. A produção é toda mecanizada e cada vaca tem um chip preso à orelha, que registra em um computador a hora em que o animal foi ordenhado e quantos litros deu. Com esse controle, Rabbers consegue, por exemplo, identificar animais doentes ou selecionar os melhores para cria. "Meu pai produzia cerca de 30 litros de leite por dia com 10 vacas. Hoje, eu tiro 30 litros por dia de um único animal", compara.

O suporte é uma cooperativa leiteira que leva o nome da comunidade e concentra as famílias dos imigrantes holandeses que chegaram aos Campos Gerais no início do século passado. A cooperativa garante a compra do leite e fornece assistência técnica. Mesmo assim, Rabbers avalia que os grandes produtores precisam de incentivos. Para ele, faltam bons financiamentos, para expandir a produção, e garantia de preço. "O que precisamos é de financiamento, com juros menores do que a inflação, para fazer um novo galpão para confinamento. Também é necessária uma política de preço do leite. Hoje está bom, amanhã está tão baixo que não paga os custos."

A cooperativa é o futuro

A experiência das cooperativas de Castro pode ajudar os pequenos agricultores. O professor Edson Armando Silva avalia que uma das possibilidades é auxiliar na estruturação de cooperativas para reunir os agricultores que trabalham em escala menor. "A Vapsa, também em Castro, é um bom exemplo. Ela industrializa mandioca e feijão produzidos por pequenos agricultores, oferecendo esses produtos semiprontos para o consumo", afirma. "Ela fixa o produtor no campo e não precisa de uma tecnologia muito cara para viabilizar a produção." Outra alternativa é incetivar a diversificação da produção, segundo o professor Cunha. "Ainda há muita dificuldade [de diversificar]. Há opções como a fruticultura de frutas temperadas, mel, turismo rural e pequenas agroindústrias."

Iniciativas como essas poderiam ajudar os Campos Gerais a melhorar as estatísticas. Apesar da riqueza da agricultura concentrada em Ponta Grossa, a região tem cidades com renda per capita interior à metade da média do Paraná, como é o caso de Reserva e Ventania. "Dentre as mesorregiões, esta apresenta a menor taxa de atividade da população economicamente ativa e, ainda, a segunda maior taxa de desemprego, superada apenas pela região metropolitana de Curitiba", registra um estudo regional feito no início da década pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

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