José Euricélio Alves de Carvalho, irmão da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, foi exonerado nesta quinta-feira (16) da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) a pedido do governo do Distrito Federal. O governador Rogério Rosso (PMDB) também determinou nesta quinta à tarde à Companhia Imobiliária do Distrito Federal (Terracap) a demissão de Israel Dourado Guerra, filho de Erenice.
Em nota, o governo do Distrito Federal informou que ambos eram comissionados, isto é, com empregos públicos ganhos por indicação política. No caso de Israel, foi solicitada a suspensão de "quaisquer pagamentos que o ex-servidor tenha a receber naquela Companhia". Os dois, apesar de terem esses empregos públicos, são personagens de denúncias envolvendo lobby desvio de dinheiro público e cobrança de propinas dentro do ministério.
Segundo o governo, também foi solicitada à Corregedoria do DF abertura de procedimento administrativo "para apurar eventuais irregularidades cometidas pelo ex-empregado no exercício de suas função, que pode resultar, como penalidade, em ressarcimento ao erário dos valores recebidos como salário".
Ministra Erenice Guerra deixa o governo
Também nesta quinta-feira (16) o porta-voz da Presidência da República, Marcelo Baumbach, anunciou oficialmente a demissão de Erenice Guerra da Casa Civil. O substituto interino é o atual secretário-executivo da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves Lima. De acordo com o Planalto, deve ser nomeado na próxima semana o novo ocupante do cargo.
No Palácio do Planalto, o porta-voz leu a carta de demissão "em caráter irrevogável" redigida por Erenice. Ela classificou como "levianas" as denúncias contra ela e disse "necessitar de paz" para se defender.
Na carta de demissão, Erenice voltou a dizer que as acusações contra ela têm motivação eleitoral. "Por ter formação cristã, não desejo nem para o pior dos meus inimigos que ele venha a passar por uma campanha de desqualificação como a que se desencadeou contra mim e minha família. As paixões eleitorais não podem justificar esse vale-tudo", disse. Na última terça-feira (7), ela divulgou nota em que atribui as denúncias a um "candidato aético e derrotado".
A decisão de substituir Erenice foi tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após uma reunião com a ministra nesta quinta.
Segundo reportagem da revista "Veja", Israel Guerra, filho da ministra, teria intermediado contratos de uma empresa de transporte aéreo MTA com os Correios mediante pagamento de propina.
Nesta quinta (16), reportagem do jornal "Folha de S.Paulo" diz que Israel também pediu uma comissão para obter no Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) empréstimo para uma empresa energética. De acordo com a publicação, os donos da companhia se reuniram com Erenice em novembro do ano passado.
Desde que as denúncias começaram a aparecer na imprensa, no último sábado (11), Erenice se defendeu por meio de notas à imprensa.
Ela negou as acusações e pediu, na terça-feira (13), que o Ministério da Justiça e a Controladoria-Geral da União investigassem os contratos firmados com suposta participação de Israel Guerra. No mesmo dia, Lula reuniu ministros do governo para pedir explicações públicas sobre as acusações.
O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, anunciou abertura de inquérito pela Polícia Federal para verificar se houve tráfico de influência nas operações da empresa aérea e os Correios, mas excluiu a ministra das investigações.
Na ocasião, o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, alegou que Erenice não "está diretamente ligada aos fatos". Os Correios divulgaram nota confirmando que mantém contratos com a MTA, mas alegou que os negócios era legais e firmados após processo de licitação. A empresa de transporte aéreo negou que tenha relações "contratuais ou negociais" com Erenice e Israel Guerra.



