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| Foto: Priscila Forone/ Gazeta do Povo

Serviço

Até a próxima quarta-feira é possível transferir o título eleitoral e fazer a revisão dos dados. Os jovens entre 16 e 18 anos também poderão tirar o documento para votar nas eleições de outubro. Além disso, aqueles que não votaram nos últimos três pleito s – e também não justificaram a ausência – precisam regularizar a situação até essa data.

Em Curitiba, o atendimento no TRE será feito normalmente hoje, das 9 às 17 horas. Nos dias de semana, o expediente vai das 8h30 às 18 horas. O endereço do tribunal na capital é Rua João Parolin, 224, Prado Velho. Mais informações: (41) 3330-8672 (Curitiba), (41) 3330-8500 (restante do estado), e www.tre-pr.jus.br.

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Anderson de Lima e Gabriela Nery foram alguns dos responsáveis por dar um enorme trabalho ao poder público nos últimos dias. Mas tudo por um bom motivo. Os dois jovens decidiram tirar o título de eleitor e ajudaram a aumentar em cinco vezes além do normal o número de atendimentos no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em Curitiba, a quatro dias do fim do prazo para regularizar a situação na Justiça Eleitoral. Apesar de ambos estarem na faixa etária entre 16 e 17 anos, quando o voto é um direito e não uma obrigação, escolheram exercer sua cidadania e irão votar pela primeira vez, em outubro deste ano. Atitudes como essa fazem do Paraná o sétimo estado com a maior proporção de jovens de 16 e 17 anos que optam por fazer o título de eleitor, mesmo isso não sendo obrigatório.

Até março deste ano, o TRE contabilizava 100.976 jovens nessa faixa etária que já possuíam o título de eleitor no estado. Para as próximas eleições, esse número deve crescer consideravelmente. Segundo a assessoria do tribunal, 70% dos cerca de 2 mil atendimentos diários feitos na sede da entidade até a última sexta-feira dizia respeito a eleitores entre 16 e 18 anos – ao atingir 18 anos, o voto passa a ser obrigatório. Atualmente, dos quase 7,5 milhões de eleitores paranaenses, 1,36% corresponde a jovens que decidiram votar por vontade própria e não por uma obrigação estabelecida por lei. Apesar de o porcentual parecer inexpressivo, a vontade de alguns deles em participar do processo eleitoral supera qualquer estatística.

Anderson de Lima, que tem 16 anos e cursa a 8.ª série na Escola Estadual João Turin, no bairro Rebouças, é um exemplo. Ele decidiu tirar o documento porque os assuntos relacionados à política são recorrentes dentro de casa. "Nós discutimos em casa as melhorias que os governantes podem trazer para nós, por isso achei que já estava na hora de fazer o título", comenta. O garoto – que trabalha pela manhã e estuda à tarde – já está pensando em quem vai votar nas eleições deste ano. "Tenho algumas preferências, mas não estou definido ainda", diz. Além de tirar o título de eleitor, Anderson ainda incentivou os colegas a fazer o mesmo. "Tenho um amigo que é mais velho e que ainda não tinha feito, então eu expliquei para ele que era necessário", conta o jovem, sem esconder a felicidade de poder votar pela primeira vez.

Quem compartilha essa mesma alegria é Gabriela Nery, de 17 anos. Ela chegou a ir ao TRE no ano passado com a documentação necessária para fazer o título de eleitor, mas, como estava sem a companhia de um responsável, não conseguiu concluir o processo exigido pelo tribunal. Neste ano, com a possibilidade de preencher o pré-cadastro pela internet, ela achou que tudo ficou mais facilitado. "Esperei dois minutos, já fui atendida e saí com o documento", afirma.

Gabriela diz que decidiu tirar o documento porque se interessa bastante por política. "Eu tento acompanhar bastante, leio jornal e revista sempre que posso. Estou animada para poder votar, ainda mais para cargos como o de presidente e governador", comemora. Para a escolha, a jovem eleitora pretende levar em consideração o partido dos candidatos. "Além de analisar o que eles querem fazer, tem de ver qual é o partido que participam, porque, querendo ou não, isso influencia muito", argumenta. Gabriela garante também que, mais do que conhecer as propostas dos candidatos, pretende acompanhar o que os políticos irão fazer se forem eleitos.

Dever cívico

Na avaliação do cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ricardo Oliveira, como o voto é facultativo para jovens de 16 e 17 anos, tirar o título de eleitor com essa idade mostra um cidadão interessado, que procura estar bem informado e participar das decisões do país. "São esses jovens que representam o protagonismo dessa geração, que rompem com o individualismo em prol de ações coletivas", afirma. "Representam um grupo de interesses específicos da juventude, com questões temáticas e agenda própria, como comportamento, violência, drogas. Temas estes que precisam estar presentes na agenda política. Daí o papel tão importante desses jovens."

Negando que a geração atual seja menos engajada que as anteriores, Oliveira afirma que é preciso relativizar ao se fazer essa comparação, uma vez que, independentemente da geração, não são todos os jovens que se interessam e participam da vida política. "Nas recentes manifestações contra a Assembleia, por exemplo, o Movimento Caça-Fantasmas contou sobretudo com a participação de jovens nessa faixa etária", argumenta. "Esses jovens estão cumprindo seu dever cívico e ocupando seu papel político. Não é uma geração na qual esteja faltando um sentido político."

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