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O sheik Mohammad Sadeq Ebrahimi: aproximação entre Brasil e Irã poderá influir no voto dos eleitores | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
O sheik Mohammad Sadeq Ebrahimi: aproximação entre Brasil e Irã poderá influir no voto dos eleitores| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Como o Alcorão e a Torá podem ajudar na eleição?

Quem diria: nas eleições de 2010, Islamismo e Judaísmo também foram inscritos na agenda dos candidatos ao governo da República. Se não diretamente, ao menos como parte de um menu que pretende fazer do Brasil um player geopolítico global, com direito a opinar sobre temas tão espinhosos como a situação do Oriente Médio.

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A comunidade islâmica de Curitiba pode ser considerada um modelo de harmonia: sob a cúpula de sua mesquita, no Alto São Francisco, xiitas e sunitas (grupos que representam os dois principais ramos da religião e que se opõem ferozmente em países como o Iraque) deixam de lado suas divergências para orar juntos. Para seu líder, o sheik iraniano Mohammad Sadeq Ebrahimi, os preceitos islâmicos funcionam como um bom guia para o eleitor. Isso porque, explica, desde sua fundação por Maomé (Mohammad), no século 6, o Islã se relaciona diretamente com questões espirituais e temporais.

"O Islã é uma religião completa. Que contempla o jejum, as orações e as súplicas, mas que também dedica seus ensinamentos à política", diz Ebrahimi. Isso talvez possa ser explicado pelo fato de seu fundador, o profeta Mohammad, não ser um líder exclusivamente religioso. "Ele também foi um líder político e administrativo, e durante toda a vida esteve profundamente envolvido com questões econômicas, com o comando de exércitos e com relações internacionais."

Segundo o sheik Ebrahimi, no próprio Alcorão é possível encontrar vários versículos que atestam a necessidade de atenção para questões da política e do bom governo. Uma questão bastante presente, por exemplo, é a que se refere ao papel do líder e à necessidade de que ele seja justo. "Um líder justo é mais importante do que a própria nação, do que o próprio país. Se o líder é de má qualidade, a nação e o país perecem. Se o país é rico e seu líder, ruim, entra em declínio. Se o país é pobre e seu líder, justo, há de crescer." Um bom exemplo disso seria o próprio Irã, que, segundo ele, se tornou independente e poderoso quando passou a ter bons líderes, a partir da revolução islâmica de 1979.

Boas relações

O sheik vê com bons olhos a aproximação recente entre Brasil e Irã e acredita que esse contato vai pesar na hora dos eleitores muçulmanos escolherem seu candidato à Presidência. "Ficamos muito felizes com essa aproximação e também com o presidente Lula. Ele é uma boa pessoa, um líder que trabalha muito." Indepen­­dentemente do vencedor das eleições, o sheik deseja que as boas relações continuem. "O Irã é um país grande, com uma população de 80 milhões de pessoas, e pode oferecer muito ao Brasil em termos políticos e econômicos. Da mesma forma, o Brasil tem muito a oferecer. Não só ao Irã, mas a todos os países muçulmanos."

Questionado sobre como o Islã vê a possibilidade de uma mulher chegar à Presidência, o sheik diz que liderança não depende de sexo. "Mulheres e homens têm toda a capacidade para liderar um país. No próprio Alcorão nós temos exemplos de mulheres que foram líderes de grandes civilizações, como Belquis [ou Belkiss], Rainha de Sabá, ou então que comandaram a oposição a líderes opressores – caso da esposa do faraó."

Convidado a deixar uma mensagem a todos os eleitores, o líder muçulmano foi pragmático: "É importante que todos participem das eleições. E que elejam uma pessoa justa. Se até em pequenas comunidades eleições são importantes, em grandes nações elas possuem um peso muito maior." O sheik também observou a importância de se tomar decisões pensando em termos de comunidade, e não individuais. "Isso afasta a sociedade dos ditadores."

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