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política e religião

Líder justo é o mais importante para o Islã

O sheik Mohammad Sadeq Ebrahimi: aproximação entre Brasil e Irã poderá influir no voto dos eleitores | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
O sheik Mohammad Sadeq Ebrahimi: aproximação entre Brasil e Irã poderá influir no voto dos eleitores (Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo)

A comunidade islâmica de Curitiba pode ser considerada um modelo de harmonia: sob a cúpula de sua mesquita, no Alto São Francisco, xiitas e sunitas (grupos que representam os dois principais ramos da religião e que se opõem ferozmente em países como o Iraque) deixam de lado suas divergências para orar juntos. Para seu líder, o sheik iraniano Mohammad Sadeq Ebrahimi, os preceitos islâmicos funcionam como um bom guia para o eleitor. Isso porque, explica, desde sua fundação por Maomé (Mohammad), no século 6, o Islã se relaciona diretamente com questões espirituais e temporais.

"O Islã é uma religião completa. Que contempla o jejum, as orações e as súplicas, mas que também dedica seus ensinamentos à política", diz Ebrahimi. Isso talvez possa ser explicado pelo fato de seu fundador, o profeta Mohammad, não ser um líder exclusivamente religioso. "Ele também foi um líder político e administrativo, e durante toda a vida esteve profundamente envolvido com questões econômicas, com o comando de exércitos e com relações internacionais."

Segundo o sheik Ebrahimi, no próprio Alcorão é possível encontrar vários versículos que atestam a necessidade de atenção para questões da política e do bom governo. Uma questão bastante presente, por exemplo, é a que se refere ao papel do líder e à necessidade de que ele seja justo. "Um líder justo é mais importante do que a própria nação, do que o próprio país. Se o líder é de má qualidade, a nação e o país perecem. Se o país é rico e seu líder, ruim, entra em declínio. Se o país é pobre e seu líder, justo, há de crescer." Um bom exemplo disso seria o próprio Irã, que, segundo ele, se tornou independente e poderoso quando passou a ter bons líderes, a partir da revolução islâmica de 1979.

Boas relações

O sheik vê com bons olhos a aproximação recente entre Brasil e Irã e acredita que esse contato vai pesar na hora dos eleitores muçulmanos escolherem seu candidato à Presidência. "Ficamos muito felizes com essa aproximação e também com o presidente Lula. Ele é uma boa pessoa, um líder que trabalha muito." Indepen­­dentemente do vencedor das eleições, o sheik deseja que as boas relações continuem. "O Irã é um país grande, com uma população de 80 milhões de pessoas, e pode oferecer muito ao Brasil em termos políticos e econômicos. Da mesma forma, o Brasil tem muito a oferecer. Não só ao Irã, mas a todos os países muçulmanos."

Questionado sobre como o Islã vê a possibilidade de uma mulher chegar à Presidência, o sheik diz que liderança não depende de sexo. "Mulheres e homens têm toda a capacidade para liderar um país. No próprio Alcorão nós temos exemplos de mulheres que foram líderes de grandes civilizações, como Belquis [ou Belkiss], Rainha de Sabá, ou então que comandaram a oposição a líderes opressores – caso da esposa do faraó."

Convidado a deixar uma mensagem a todos os eleitores, o líder muçulmano foi pragmático: "É importante que todos participem das eleições. E que elejam uma pessoa justa. Se até em pequenas comunidades eleições são importantes, em grandes nações elas possuem um peso muito maior." O sheik também observou a importância de se tomar decisões pensando em termos de comunidade, e não individuais. "Isso afasta a sociedade dos ditadores."

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