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Comício em Curitiba

Lula propõe abrigo a condenada iraniana

Dias depois de dizer que não poderia opinar sobre as leis de outro país, presidente sinaliza que vai intervir por condenada por adultério

Dilma e Lula: dupla tenta fazer história. | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Dilma e Lula: dupla tenta fazer história. (Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo)
Comício com Lula: presidente pediu a preservação da vida de Sakineh em Curitiba. |

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Comício com Lula: presidente pediu a preservação da vida de Sakineh em Curitiba.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou no sábado (31), em comício realizado na Boca Maldita, centro de Curitiba, que o Brasil irá oferecer asilo político para a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento. Sakineh, de 42 anos, chegou a receber 99 chibatadas por ter cometido adultério.

"Se essa mulher está causando incômodo lá no Irá, nós a receberemos de braços abertos no Brasil", declarou o presidente.

Lula disse que a questão de Sa­­kineh era "muito delicada", por se tratar da "lei e da política de outro país". "Mas nada justifica o Estado tirar a vida de uma pessoa", disse o presidente para, em seguida descrever o modo como Sakineh cumpriria sua pena. "A traição lá tem um tipo de pena que é enterrar a mulher viva e deixar a cabeça para fora para o povo jogar pedra."

No comício, Lula afirmou que a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, daria um telefonema para o presidente iraniano Mahmoud Ahmadi­nejad pedindo a liberação de Sakineh. Depois, em entrevista coletiva, Dilma afirmou que o ato seria uma medida tomada ainda no governo Lula.

Há vários dias, Lula vem sendo pressionado por uma campanha na internet pedindo para que o presidente intercedesse por Sakineh junto ao presidente iraniano. Durante a semana, porém, o presidente chegou a declarar que o Brasil não poderia opinar sobre a legislação de outros países, sob o risco de haver uma "avacalhação".

Disputa eleitoral

Antes de falar sobre a situação no Irã, Lula dedicou a maior parte do seu discurso de 50 minutos aos aliados. Além de Dilma, o candidato ao governo do estado, Osmar Dias (PDT) e os candidatos ao Senado, Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT). Ao pedir votos para Dilma, o presidente disse que muitos projetos de seu governo foram gerenciados pela petista. "Essa é uma mulher para quem eu daria um talão de cheque assinado em branco." Ele também desejou melhor sorte à petista com relação ao Congresso. "Peço a Deus que ela não tenha o Senado que eu tive, um Senado que mesquinhamente cortou R$ 40 bi­­lhões da Saúde", disse o presidente em uma referência ao fim da CPMF.

O presidente e os candidatos demonstraram estar com um discurso afinado, relembrando ações conjuntas do passado, elogiando-se mutuamente e alfinetando os adversários, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os ex-governadores do Paraná.

"O Brasil tem lugares especiais onde se depositam as vidas e sonhos das pessoas. Aqui é um desses lugares", afirmou Dilma, que discursou por 15 minutos. Ela lembrou de outros comícios realizados no local, como em 2002, quando o presidente Lula venceu a disputa pela Presidência contra José Serra (PSDB). Sem citar nomes, Dilma afirmou que "esse mesmo adversário" levou pessoas ao programa eleitoral gratuito para dizerem que tinham medo de que o petista vencesse a eleição. "Naquela época, a esperança venceu o medo. Esperança que tinha sido construída aqui também na Boca Maldita. Agora vamos vencer o medo, não só com a esperança mas com as realizações do presidente Lula."

Osmar admitiu que, em razão da demora para fechar a aliança, demorou a falar "companheiros e companheiras". "Demorou para fazer essa aliança, demorou para sair essa candidatura, demorou para falar ‘companheiros e companheiras’. E eu não quero mais esquecer", disse. "Não queremos voltar ao tempo do apagão, ao tempo em que se vendia empresa pública neste estado e neste país. Aqui é proibido pensar em vender empresa pública."

Lula se emocionou e começou a chorar, apoiado pelo público aos gritos de "Lula eu te amo!". "Esse presidente é um chorão, mesmo", exclamou Osmar. O petista deve fazer comícios em Londrina e Maringá em breve.

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