
Uma das mais antigas favelas de Curitiba, a Vila das Torres, no bairro do Jardim Botânico, foi o local escolhido pela candidata à Presidência Marina Silva (PV) em sua primeira visita de campanha a Curitiba, ontem pela manhã. A passagem pela cidade foi estratégica: além de Marina ter visitado uma localidade com as características de mobilização social pregada em sua campanha, na capital paranaense a ex-ministra do Meio Ambiente tem um porcentual de intenções de voto superior à sua média nacional. A ideia é reforçar a presença da candidata nesses redutos para tentar levá-la ao segundo turno.
Foi a primeira vez que a Vila das Torres recebeu a visita de um candidato à Presidência. Para a campanha de Marina, que prega o crescimento econômico e a inclusão social aliados ao desenvolvimento sustentável, a escolha foi emblemática: a vila é responsável por mais de 70% da reciclagem do lixo do centro de Curitiba e mantém projetos sociais de iniciativa da própria comunidade. Além disso, enfrenta os problemas típicos de localidades carentes de todo o país, como moradias precárias, falta de saneamento básico e violência. Atualmente, os moradores vivem em meio a uma "guerra" entre duas quadrilhas que disputam o domínio do tráfico na região.
Marina caminhou pelas ruas da vila, cumprimentou moradores e inaugurou uma "Casa de Marina", iniciativa da campanha que transforma casas de eleitores em comitês. "Quero agradecer a acolhida e dizer que todos os moradores agora são vizinhos de Marina. Pude ver uma experiência muito bonita que mostra que é possível uma integração entre agentes sociais das comunidades", disse a candidata. "Percebi que a Vila das Torres cuida de si mesma, mesmo com as dificuldades. A comunidade mantém um restaurante para alimentar o corpo, uma biblioteca para alimentar o espírito e um museu para lembrar a história deste bairro e todas as conquistas que esta comunidade unida conseguiu."
A candidata visitou projetos sociais e ambientais mantidos pela associação dos moradores da comunidade: a sede e o refeitório do Centro de Apoio ao Trabalhador Ambiental, a Biblioteca Jovem Cidadã e o Museu Comunitário.
Primeiro tempo
Ao discursar ao lado do candidato do PV ao governo, Paulo Salamuni, e do candidato do partido ao Senado, Rubens Hering, Marina usou uma metáfora futebolística para dizer que ainda está no páreo, apesar de aparecer em terceiro lugar nas pesquisas desde o início da campanha. "Ainda estamos aos 15 minutos do primeiro tempo, temos a partida inteira para jogar", afirmou. Ela espera fazer uma votação expressiva em Curitiba, o que torna a capital paranaense um local estratégico em seu plano de chegar ao segundo turno. "Curitiba é uma cidade de vanguarda. Acredito que os eleitores daqui percebem no meu projeto mensagens bem próximas daquelas que a cidade sempre apresentou como referencia ao país."
Segundo Marina, a estratégia para chegar ao 2.º turno é "tirar o eleitor do anonimato". "Nossa campanha já é vitoriosa por conseguir fazer as pessoas se interessarem espontaneamente pela política. Nós queremos trazer o eleitor para o centro da discussão", disse. "Em nossas vidas pessoais sempre é indicado pensarmos duas vezes antes de fazermos escolhas importantes. Eleições em dois turnos dão a chance de pensarmos duas vezes antes de entregar o destino do país a quem quer que seja. Quero estar lá como a alternativa para consolidar as conquistas, corrigir os erros e apontar novos desafios."
O candidato ao governo Paulo Salamuni recordou sua relação com a Vila das Torres, quando defendeu os moradores de uma tentativa de desapropriação, em 1979. Ele também lembrou que, como vereador de Curitiba, foi o autor do projeto que propôs a realização de um plebiscito para a mudança do nome do local. À tarde, Marina e Salamuni estiveram em Maringá, no Noroeste do estado.





