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Religião e política

Polarização sobre o aborto não é boa para o país, diz cardeal

Arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, afirma que o assunto é importante, pede para que os candidatos assumam posição clara sobre o tema e destaca que a Igreja não apoia Dilma nem Serra

Dom Odilo: aborto é uma 
discussão política importante | Alessandro Bianchi / Reuters
Dom Odilo: aborto é uma discussão política importante (Foto: Alessandro Bianchi / Reuters)

São Paulo - O cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, um dos principais expoentes da Igreja Católica no país, defendeu ontem que os eleitores têm o direito de saber a posição dos dois candidatos à Presidência, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), sobre o aborto. Mas alertou que a polarização do debate em torno do assunto na campanha não é boa porque está impedindo que outros temas importantes sejam discutidos. E esclareceu que a Igreja não apoia nem um nem outro concorrente, embora os padres e bispos sejam livres para manifestar suas opiniões.

"Acho que [o aborto] é uma das questões que os eleitores devem saber o posicionamento dos candidatos. É uma das questões sim que os candidatos devem manifestar", disse ele. "Acredito que é bom que a questão do aborto seja também levada em consideração dentro dos debates políticos. É questão que merece consideração política. Ou a vida humana seria tão desprezível que não merece atenção da discussão política?"

A Igreja é contrária à interrupção da gravidez. Apesar disso, dom Odilio procurou dizer que outros assuntos devem ser abordados na campanha. "A polarização em torno do assunto não é boa porque existem muitos assuntos que devem também ser levados em consideração."

O cardeal ainda deixou clara a posição dos bispos brasileiros sobre a eleição. "A posição da CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil] está muito clara, de não indicar partidos nem candidatos, mas apontar critérios e princípios em relação à escolha, que depois é de livre e autônoma responsabilidade dos próprios eleitores."

A Comissão Brasileira Justiça e Paz, ligada à CNBB, já havia divulgado nota com recado direto para setores da Igreja que estão pregando voto contra Dilma – o que, segundo o texto, estaria induzindo os fiéis a acreditar que a Igreja tenha "imposto veto a candidatos nessas eleições".

Mas dom Odilo defendeu ontem a livre manifestação de padres e até bispos, como dom Luiz Gonzaga Bergonzini, de Guaru­lhos, que, nas últimas semanas, têm pregado o voto contra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, alegando que ela é a favor do aborto. "Eles [padres e bispos] são livres para se manifestar."

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