Os eleitores dos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) parecem estar divididos entre os extremos de renda, escolaridade e localização geográfica nesta eleição. O mais recente levantamento do Datafolha, de terça-feira, mostra uma clara diferença do perfil médio de quem vota em Dilma e de quem prefere Serra. A petista tem mais intenções de votos entre os nordestinos, os que ganham até dois salários mínimos (R$ 1.020) e que estudaram até o ensino fundamental. Já Serra lidera as intenções entre moradores do Sul, os que ganham mais de dez salários mínimos (R$ 5,1 mil) e os que têm ensino superior.
Nos números totais do Datafolha, Dilma aparece à frente de Serra. A petista lidera com 49% dos votos totais e o tucano conta com 38%. Nos votos válidos com a exclusão de indecisos, votos brancos e nulos , Dilma alcança 56%, contra 44% de Serra.
Esses porcentuais sofrem enorme variação dependendo do eleitorado que se analisa. Na Região Sul, o líder é Serra, com 48% dos votos. Já no Nordeste, a ex-ministra Dilma alcança mais do que o dobro das intenções de votos na comparação com o adversário: 64% contra 27%.
As propostas dos candidatos e a aparição deles na mídia são vistas de formas diferentes dependendo da região. As propostas de Dilma no horário eleitoral gratuito na tevê foram avaliadas como ótimas ou boas por 54% dos que o assistiram, índice que é menor no Sul (48%), do que no Nordeste (64%), segundo o Datafolha. Ainda de acordo com o instituto, as propagandas de Serra na tevê são classificadas como ótimas ou boas por 47% dos eleitores que assistiram a elas. Esse índice é maior no Sul (51%) do que no Nordeste (44%).
Fatores
Vítor Peixoto, doutor em ciência política e professor da Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro, diz que neste segundo turno a diferença entre Nordeste e Sul tende a ficar mais intensa. O primeiro fator para que isso ocorra é o resultado da política pública de transferência de renda no Nordeste, explica o professor. "Mais de 50% dos recursos do Bolsa Família foram aplicados no Nordeste", afirma. O segundo fator são os aportes financeiros e as obras recebidas nesta região devido ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Dilma foi chamada por Lula de "mãe" do PAC.
O contraste entre eleitores petistas e tucanos também é verificado na divisão por escolaridade e renda. Dilma alcança 54% da preferência entre os que recebem até dois salários mínimos. Já Serra inverte a situação entre os que recebem mais de dez salários mínimos: ele conquista 55% das intenções de votos nesse grupo.
Os índices tucanos também crescem entre os que têm ensino superior. Nesse recorte, Serra conquista 49% das intenções, contra 39% de Dilma. A petista reverte o quadro entre os que estudaram até o ensino fundamental: 55% contra 32%.
