
A Regional Fazendinha/Portão, com seus 243 mil moradores, tem a maior densidade demográfica entre as nove administrações regionais de Curitiba. São 72 habitantes por hectare, contra uma média de 40 na cidade, segundo os dados do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). Pode parecer apertado, mas as pessoas não passam apuro: se espalham pelas calçadas, ruas, praças e parques da regional.
Nessas áreas verdes, a atividade física é estimulada, especialmente no Eixo de Animação da Avenida Arthur Bernardes, entre a Vila Izabel e Santa Quitéria. O eixo consiste em uma série de canchas poliesportivas tênis, vôlei, futebol, basquete , e outros equipamentos de lazer em uma área de 40 mil metros quadrados, que foram adotados pela comunidade.
A mesma regional tem outro eixo de animação ainda maior, com 103,2 mil metros quadrados, entre o Guaíra e o Lindóia, ao longo da Avenida Wenceslau Braz. Mas, neste caso, a comunidade não aderiu 100% ao projeto. Resultado: as redes da quadra de tênis e do vôlei foram furtadas. "O pessoal usa para andar de skate. Ninguém cuida", diz André Camargo, 20 anos, publicitário, morador do Novo Mundo, que vai até a Vila Izabel para jogar tênis. "É só chegar aqui, sempre tem gente, até as 6 da manhã, ou à noite, bem tarde."
Outros frequentadores da quadra pedem algumas melhorias: arborização, para evitar que o farol dos carros atrapalhe a visão dos jogadores e manutenção do piso. Mas, no geral, quem mora nas imediações se orgulha da estrutura. "É como na praia. Muita gente caminhando, a qualquer hora, e à noite tem iluminação. Uma delícia", disse uma transeunte, sem parar.
O Parque Cambuí, no Fazendinha, não tem tantos esportistas. Alguns jovens vão até o local apenas para ouvir som alto no carro. Uma alternativa é colocar um fone de ouvido enquanto corre, como Faberson Diego Carneiro, 32 anos, administrador de empresas. Ele lembra que o terreno, um mangue, servia apenas como atalho, e ponto preferencial de assaltantes. "Meu avô foi assaltado aqui, há alguns anos, quando tinha muito mato. Finalmente fizeram o parque. Até abri minha empresa aqui perto para aproveitar bem."
Segurança não preocupa os frequentadores da praça Bento Munhoz da Rocha, entre o Guaíra e Água Verde. Há um módulo policial, o que garante a tranquilidade de Sabrina Ribeiro Pereira, 20 anos, que vai caminhar com a filha no carrinho, Isabelly, de 10 meses. Marinoel do Nascimento Araújo, 30 anos, acompanha a mulher e a filha (e o cachorro, ainda sem nome) quando está de folga do trabalho. Para Sabrina, a praça está ótima. Mas há coisas a serem feitas na cidade, como agilidade no atendimento à saúde. O casal levou um susto quando Isabelly bateu a cabeça enquanto engatinhava. "Fomos ao Pequeno Príncipe, chegamos às 23 horas, saímos quase 4 da manhã." Ela também gostaria de descer pela porta da frente do ônibus, pois tem dificuldade de passar pela roleta com a filha no colo e os apetrechos de bebê.
Quem evita ônibus e carro sempre que possível é Antonio Ribeiro Lauzana, 55 anos, funcionário da Petrobras. "Gosto de caminhar. De carro tenho que me preocupar em estacionar, e pagar uma fortuna. De bicicleta não dá, não tem ciclovia". Ele deixa a calçada de lado apenas quando faz muito frio para ele, os 10 graus registrados na semana passada foram até convidativos a andar a pé.
A Gazeta do Povo percorre as nove regionais de Curitiba para levantar os principais problemas e anseios da população. Na próxima segunda-feira, a Regional Matriz, a sétima da série.






