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O teste

Entenda como funciona o Diagrama de Nolan, que indica a posição político-ideológica das pessoas:

• O que é?

O Diagrama de Nolan foi criado pelo cientista político norte-americano David Nolan. Em 1969, ele concebeu perguntas com a intenção de mostrar que as opiniões sobre alguns assuntos poderiam definir o posicionamento político para além da divisão entre direita e esquerda. O teste não é científico, mas é capaz de dar indícios sobre a postura ideológica de cada um. A Gazeta usou uma variação do teste chancelada pelo Instituto Ordem Livre. São dez questionamentos, que versam sobre situações de liberdade civil e econômica. Quem faz o teste deve responder se concorda, discorda ou se está neutro com relação à questão.

• Definição das áreas

Os centristas, em geral, defendem posições moderadas tanto a respeito do papel do Estado na economia quanto na vida privada dos cidadãos. Os esquerdistas, na definição de Nolan, costumam defender a não interferência em liberdades individuais, mas acreditam que deve haver medidas estatais na economia. Quem é de direita defende que o Estado deve ter pouca atuação na economia, deixando espaço para a iniciativa privada, mas acredita que são necessárias algumas restrições do ponto de vista moral. O estatismo defende o Estado como regulador da sociedade, intervindo na economia e participando ativamente da economia. Já os libertários acreditam que o Estado deve ser mínimo, garantindo apenas que a sociedade não entre em colapso.

• Faça o teste

O teste de Nolan pode ser feito no site da Gazeta do Povo, no link www.gazetadopovo.com.br/candibook. O leitor então pode comparar seu resultado com o dos candidatos e ver qual deles pensam de forma mais parecida com a sua. No Candibook também é possível encontrar informações sobre os mais de 700 candidatos que participaram do projeto. Cada concorrente tem um perfil com dados pessoais e uma entrevista em vídeo de dois minutos, na qual fala sobre por que quer concorrer e quais projetos defende.

A maioria dos candidatos do Paraná nesta eleição (63%) é centrista, ou seja tem posicionamento moderado no espectro político-ideológico. O segundo segmento que mais se destaca, com 18,3% dos concorrentes, está mais inclinada ao estatismo – linha que defende a intervenção do Estado em assuntos de interesse da sociedade. Os dados foram compilados a partir de informações do Candibook – ferramenta da Gazeta do Povo que traz informação de pouco mais de 700 candidatos inscritos para as eleições no Paraná.

INFOGRÁFICO: Veja o posicionamentos dos candidatos do Paraná

Para indicar qual é a corrente do pensamento político-ideológico que o candidato mais se aproximava, o jornal pediu que todos que participaram do Candibook respondessem também a dez questões do Questionário de Nolan, teste que define a posição ideológica. Depois dos centristas e estatistas, a posição que prevalece entre os candidatos no Paraná é a direita (8%), seguido dos libertários (6,5%) e dos esquerdistas (4%).

A presença maciça dos candidatos nos posicionamentos que ficam mais próximo do centro do diagrama indica que a maior parte deles poderá ser flexível caso se eleja. "Há indícios que mostram que políticos que conseguem manter uma carreira mais longa são aqueles mais brandos em suas opiniões", comenta Doacir Quadros, cientista político e professor da Uninter. Ele comenta que essa caraterística fica ainda mais evidente no Legislativo, onde o político não tem poder de definição sozinho.

Porém, o predomínio de candidatos de centro e, por consequência, de políticos eleitos com essa postura pode minimizar a representação da sociedade. "O que acabamos vendo é que essa flexibilidade se reflete no cotidiano dos políticos que, nas assembleias e câmaras, por exemplo, apenas aprovam projetos que vem do Executivo", diz.

O cientista político Bianco Garcia, professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), comenta que um dos motivos para tantos candidatos serem centristas é a falta de identidade dos próprios partidos. A população não exige que candidato e sigla tenham correspondência ideológica. "Por isso, os partidos acabam aceitando pessoas que não tem adesão ideológica bem definida", diz Garcia. De acordo com ele, essa realidade demonstra que as siglas atuam de forma pragmática. "Afinal, quem é do centro pode concordar com tudo ou não concordar com nada. O centrismo não é definidor", diz.

A situação, no entanto, não diz respeito apenas aos candidatos. A maior parte do eleitorado, diz Garcia, não tem clareza ideológica e não exige que o candidato se posicione efetivamente. "Para o candidato, essa postura é muito confortável, pois fica no espaço da neutralidade e não terá nenhuma crítica com relação a isso", diz. Uma posição extrema com relação a questões civis e econômicas poderia significar perder votos, de acordo com o cientista político.

Direita e esquerda

Um dos motivos para ser mais difícil conseguir votos defendendo posições mais extremas é o fato de que a situação econômica do país é estável há alguns anos. "Se estivéssemos em uma situação econômica que parecesse sem saída, os eleitores estariam mais abertos ao voto em quem promete mudar radicalmente os programas. Mas o que vemos, inclusive nas candidaturas dos presidenciáveis, é que há propostas de mudanças, mas em geral, o planejamento permanece", diz Doacir Quadros.

Principais concorrentes ao governo e ao Senado também são centristas

Na disputa pelo governo do Paraná, a maioria dos candidatos também está no centro do espectro político, incluindo os três principais concorrentes: Beto Richa (PSDB), Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT) – veja no infográfico acima o resultado dos demais postulantes ao Palácio Iguaçu. Os três principais candidatos ao Senado – Alvaro Dias (PSDB), Ricardo Gomyde (PCdoB) e Marcelo Almeida (PMDB) – também são centristas. Curiosamente, de acordo com as respostas dadas ao questionário de Nolan, Alvaro, Gomyde e Gleisi ocupam exatamente o mesmo ponto do diagrama. Gomyde e Gleisi são da mesma chapa, mas o tucano tem sido o principal alvo das críticas do candidato do PCdoB nesta campanha eleitoral. Alvaro e Gleisi também costumam se enfrentar em embates entre governo e oposição no Congresso, onde ambos são senadores. Embora tenham coincidido no posicionamento ideológico, isso não significa que sua posição no Legislativo será semelhante. "No mandato, eles dependem do jogo de interesses que envolve o partido e os financiadores da campanha", diz Bianco Garcia, cientista político da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Outro candidato ao Senado também está no centro do diagrama: Adilson Silva (PRTB). De acordo com o diagrama, dois concorrentes a uma cadeira de senador – Evandro Castagna (PSTU) e Luiz Barbara (PTC) – são libertários. Mauri Viana (PRP) é estatista. Luiz Piva (PSol) não respondeu ao questionário.

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