
Ao contrário do que declarou ao ParanáTV Segunda Edição, da RPC TV, na última quarta-feira, o senador Roberto Requião (PMDB) votou a favor de apenas um dos quatro empréstimos internacionais negociados pela gestão Beto Richa (PSDB). Em dois casos, ele viajou em missão oficial e não compareceu às sessões em plenário, e em outro defendeu o voto contra a concessão do financiamento com um discurso de oito minutos. No telejornal, o peemedebista disse que votou a favor de todas as operações de crédito.
INFOGRÁFICO: Veja o que Requião falou durante o ParanáTV
A afirmação foi enfática e tentou "corrigir" a questão feita pelo jornalista Sandro Dalpícolo, que citou o voto contrário em 2014. "Em primeiro lugar, você [Dalpícolo] está errado. Eu votei a favor de todos os empréstimos", disse o senador. Ao final da resposta, ele frisou que manteve o posicionamento favorável "em todas as ocasiões".
As operações começaram a ser negociadas em 2012 e, somadas, chegam a US$ 485,7 milhões (R$ 1,116 bilhão). Pela legislação, todo empréstimo internacional feito pelos estados precisa do aval da Secretaria do Tesouro Nacional e do Senado. A primeira negociação a passar pelo crivo dos senadores foi de US$ 350 milhões (R$ 801 milhões), do Banco Mundial, para investimentos em agricultura, educação, saúde e meio ambiente.
A proposta foi colocada em votação no plenário pela primeira vez em 19 de dezembro de 2012. Na ocasião, Requião disse que se negava a votar a proposta "no escuro" e o então presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), retirou o texto da pauta. "Eu quero me recusar a votar um empréstimo que vai sobrecarregar o meu estado, o estado que eu represento, sem ter a menor ideia do destino desse recurso. Coloco minha objeção, ao mesmo tempo que tentarei obstruir isso", disse Requião.
Depois disso, apresentou uma emenda e um pedido de informações que atrasaram a discussão sobre o empréstimo à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Em ofício encaminhado posteriormente à CAE, comunicou que votaria a favor da proposta. Mas não compareceu à votação do texto, tanto na comissão quanto em plenário estava em missão oficial na Suécia.
O segundo empréstimo, de US$ 60 milhões (R$ 137 milhões), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o programa Família Paranaense, só entrou na pauta de votações em fevereiro de 2014. Requião foi o único senador a votar contra. "Eu vou votar contra o empréstimo porque assim votarei a favor do estado do Paraná", afirmou.
Requião também acusou a gestão Richa de utilizar "um artifício rigorosamente ilegal para iludir o Tribunal de Contas e a Secretaria do Tesouro Nacional". A manobra consistiria em incluir os salários de funcionários aposentados em um aporte financeiro à Paranaprevidência. A "maquiagem" teria ajudado o governo a ficar dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal para gastos com pessoal.
Requião não insistiu na argumentação na votação do empréstimo de US$ 67,2 milhões (R$ 154 milhões) do BID para o programa Paraná Seguro. Ele compareceu à sessão, em 5 de agosto, e votou a favor. Antes disso, 18 de março, o senador também viajou em missão para o Uruguai e não participou da votação da operação de US$ 8,5 milhões (R$ 19 milhões) do BID para melhorias na gestão financeira e tributária do estado.
A reportagem procurou Requião para comentar o assunto. A assessoria de imprensa informou que ele preferiu não se manifestar.



