
A primeira parcial da prestação de contas que todos os candidatos são obrigados a apresentar à Justiça Eleitoral, divulgada ontem, revela que o governador Beto Richa (PSDB) afirma não ter recebido nenhuma doação e tampouco feito gastos eleitorais. A campanha oficialmente começou há pouco mais de um mês e o candidato à reeleição já montou sua equipe, lançou site e um espaço chamado de "Tenda Digital" para divulgar informações on-line.
INFOGRÁFICO: Veja os valores arrecadados e gastos por cada um dos candidatos
A prestação de contas indica ainda que grandes empresas são as maiores financiadoras das campanhas da petista Gleisi Hoffmann e do peemedebista Roberto Requião. Gleisi afirma ter arrecadado R$ 2,6 milhões. E Requião declarou um montante R$ 305 mil. Os outros cinco candidatos ao governo, Bernardo Pilotto (Psol), Ogier Buchi (PRP), Rodrigo Tomazini (PSTU), Tulio Bandeira (PTC) e Geonisio Marinho (PRTB), assim como Richa, alegaram não ter recebido doações até o momento.
Ficou para depois
Por meio da assessoria de imprensa, a campanha de Richa informou que "foram obedecidas as regras de contabilidade para a campanha e que não houve pagamento de despesas". Segundo a coligação, os gastos gerados pelas atividades iniciais serão pagos no decorrer do processo eleitoral e declarados na próxima prestação de contas. Na primeira parcial da prestação de contas de 2010, quando se elegeu governador, Richa já havia recebido R$ 2 milhões em doações.
Os dados da Justiça Eleitoral mostram que as maiores doações a Gleisi vieram do diretório nacional do PT. A nova legislação eleitoral, porém, obriga as candidaturas a indicar o doador original dos recursos repassados aos partidos. As duas maiores doações do PT a Gleisi, de R$ 950 mil cada, vieram da empreiteira CR Almeida e da empresa de alimentos Seara. Curiosamente, a CR Almeida é de propriedade da família do candidato ao Senado pelo PMDB, Marcelo Almeida. Com outras quatro doações de empresas e oito de pessoas físicas, Gleisi atingiu os R$ 2,6 milhões.
Já as maiores doações recebidas por Requião também vieram de empresas. A Distribuidora de Pneus Vila Velha doou mais da metade: R$ 200 mil. O segundo maior valor veio da Cattalini Terminais Marítimos, que doou R$ 75 mil. Em 2008, no governo Requião, a empresa foi beneficiada com a extinção de uma multa ambiental de R$ 50 milhões em troca da construção de um aquário marítimo em Paranaguá que custou, segundo reportagem publicada no site da própria empresa, R$ 6,5 milhões. À época, a legislação permitia o perdão de até 90% da multa. A empresa, posteriormente inocentada, havia sido considerada corresponsável por danos ambientais após a explosão de um navio que provocou o vazamento de metanol e óleo combustível na Baía de Paranaguá.
Ontem, Requião lançou um site para arrecadar doações de pessoas físicas. As opções variam de R$ 15 a R$ 250, mas é possível doar outros valores. No texto de apresentação da página o candidato lembra que teve um projeto aprovado no Senado proibindo doações de empresas (na verdade, ele foi o relator) porque, ao doar, "elas se tornam donas do mandato parlamentar". O candidato diz querer mostrar "que é possível fazer uma campanha com doação de pessoas físicas". Na prestação de contas eleitorais divulgada ontem, consta que Requião recebeu doações de três pessoas físicas. Assim como o peemedebista, Gleisi Hoffmann ontem também anunciou que irá lançar uma plataforma on-line para receber doações de pessoas físicas.



