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Metade dos dez senadores candidatos à reeleição saiu vitoriosa ontem. O PMDB, de Renan Calheiros, mantém a maioria no Senado | Ueslei Marcelino/ Reuters
Metade dos dez senadores candidatos à reeleição saiu vitoriosa ontem. O PMDB, de Renan Calheiros, mantém a maioria no Senado| Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters

Top 10

Confira os deputados federais mais votados do país nas eleições de 2014:

• Celso Russomanno (PRB-SP): 1.524.361

• Tiririca (PR-SP): 1.016.796

• Jair Bolsonaro (PP-RJ): 464.572

• Pastor Marco Feliciano (PSC-SP): 398.087

• Bruno Covas (PSDB-SP): 352.708

• Rodrigo Garcia (DEM-SP): 336.151

• Clarissa Garotinho (PR-RJ): 335.061

• Reginaldo Lopes (PT-MG) : 310.226

• Carlos Sampaio (PSDB-SP): 295.623

• Rodrigo de Castro (PSDB-MG): 292.848

A renovação na política pedida pelas manifestações populares de junho do ano passado não chegou ao Senado nessas eleições 2014. Os três principais partidos – PMDB, PT e PSDB – mantiveram quantidades de cadeiras próximas das que já tinham antes do pleito de ontem e figuras como Fernando Collor (PTB/AL) e Kátia Abreu (PMDB/TO) se reelegeram. Para cientistas políticos, o quadro já era esperado devido ao formato do pleito e às decisões dos partidos – que preferem os tradicionais puxadores de voto para esse cargo.

INFOGRÁFICO: Veja quem são os eleitos e qual é a base eleitoral dos senadores

Ao todo, as eleições de ontem colocaram em disputa 27 das 81 cadeiras do Senado. Isso porque, pelas regras eleitorais, a cada quatro anos são eleitos um ou dois candidatos por estado. Na disputa de 2018, portanto, 54 cadeiras serão colocadas em disputa.

Reeleição

Entre os senadores cuja legislatura se encerraria no próximo ano, dez tentaram a reeleição. Desses, cinco conseguiram renovar o mandato de oito anos – como o senador paranaense Álvaro Dias (PSDB). Já entre as "novidades" aparecem os ex-governadores tucanos José Serra (SP) e Tasso Jereissati (CE).

"A casa que tem menos espaço para renovação é o Senado, porque são eleições majoritárias e os candidatos precisam de estruturas grandes [para se eleger]. Mesmo que haja um momento de transformação no país, o Senado acaba sendo o último a ter mudanças", diz o pesquisador e especialista em Ciência Política Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB).

Para Barreto, a exceção é Romário (PSB) – senador eleito pelo Rio de Janeiro. "[Essa escolha] Fugiu do conservadorismo", justifica. Opinião que é compartilhada por Luis Domingos Costa, professor de Ciência Política da Uninter. "O Romário é um político diferente das demais celebridades que se arriscam em mandatos. Ele é ambicioso, tem força popular e uma performance legislativa de destaque. Além disso, está em um partido carente de lideranças".

Adeus Sarney

As eleições também marcam o fim da passagem do senador José Sarney (PMDB/MA) pelo plenário. Com 59 anos de carreira política, ele optou por não disputar o seu quarto mandato e deve encerrar, pelo menos oficialmente, a mais longeva trajetória entre os que exercem mandato atualmente. Segundo o pesquisador Leonardo Barreto, porém, essa aposentadoria pode não representar novos ares no Senado.

"Essa saída é muito emblemática, mas ela acabará por aumentar muito o poder de Renan Calheiros. O Sarney deixará de ser um contraponto junto aos mais antigos quadros do PMDB, que devem agora buscar aproximação com o Renan." Além da saída do patriarca do Senado, a família Sarney ainda lamentou ontem as derrotas do ex-ministro do Turismo Gastão Vieira (PMDB/MA) e Gilvan Borges (PMDB/AP).

Na Câmara, esquerda perde espaço

Bruna Komarchesqui, com Estadão Conteúdo

De um lado, a derrota dos grandes de esquerda, sobretudo do PT, que perdeu 18 cadeiras. De outro, a vitória de nanicos da direita mais conservadora. O resultado da eleição na Câmara dos Deputados sinaliza um futuro difícil para o novo presidente eleito, na avaliação de especialistas. "Com o aumento da fragmentação partidária, o presidente tem que negociar mais", ressalta o professor da UFPR Adriano Codato, presidente do Observatório de Elites Políticas e Sociais do Brasil.

Embora tenha perdido cinco cadeiras, o PMDB sai mais forte das urnas. Os peemedebistas elegeram parlamentares suficientes para conseguir ter uma das duas maiores bancadas nas duas Casas e, assim, manter as presidências da Câmara e do Senado.

Mesmo sem ter crescido no número de deputados e senadores, o PMDB se beneficiou pelo fato de o PT, seu maior rival em tamanho no Congresso, ter diminuído significativamente. O PSDB ganhou 10 cadeiras na Câmara, indo para 54.

Na visão de Codato, do ponto de vista do eleitor, o resultado mostra uma vitória da agenda conservadora.

Passado

"O gigante acordou, mas para o passado. A agenda desses partidos [pequenos] do ponto de vista dos direitos de minorias, como aborto, é medieval. Tanto PT quanto PSDB terão grandes dificuldades em encampar uma agenda mais reformista. Os direitos de minorias serão um grande desafio", reforça.

O professor recorda que o índice de renovação também costuma ser baixo. "Noventa por cento são políticos profissionais. Uma cadeira na Câmara custa R$ 1,5 milhão, em termos de campanha", critica. O professor de Ciência Política da Uninter Luiz Domingos Costa acrescenta que a derrota do PT no Congresso não se deve só ao desgaste do partido, decorrente de escândalos de corrupção, mas do crescimento de partidos menores, com "políticos bons de voto". Costa concorda que a vida do próximo presidente será mais difícil. "Com mais partidos, a negociação não será programática, mas de cargos."

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