Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Retrospecto

Desde 1998, quem começa horário eleitoral da frente vence

Impacto mais forte foi sentido na campanha de 2002, quando Anthony Garotinho, então no PSB, tinha 26% das intenções de voto

A partir desta terça-feira, 19, Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) terão 45 dias para confirmar ou quebrar uma tradição: desde 1998, a propaganda eleitoral no rádio e na TV não provoca viradas em disputas presidenciais. O chamado palanque eletrônico, porém, já se mostrou decisivo na definição de quem vai ao segundo turno para enfrentar o candidato favorito.

O impacto mais forte foi sentido na campanha de 2002. Pouco antes do início do horário eleitoral, Anthony Garotinho, então no PSB, tinha 26% das intenções de voto, apenas nove pontos a menos que o primeiro colocado, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). José Serra (PSDB), candidato do governo na época, estava embolado com Ciro Gomes (PPS), ambos na faixa dos 10%.

Paz e amor

A campanha televisiva do PT, que apresentou Lula no modelo "paz e amor", fez o candidato subir de 35% para 45% em um mês e meio. Ciro, que chamou um ouvinte de "burro" durante um programa de rádio, teve esta e outras gafes exploradas na propaganda dos adversários, e perdeu dois terços dos eleitores no mesmo período. Serra se firmou como antítese do PT e garantiu a vaga no segundo turno, enquanto Garotinho não conseguiu decolar.

Em 2006, foi outro tucano quem tirou melhor proveito do horário eleitoral: Geraldo Alckmin subiu 13 pontos porcentuais no período e forçou a realização de uma segunda rodada eleitoral. Antes da propaganda na TV, Lula tinha mais eleitores que a soma dos adversários, e o PT apostava em uma vitória já no primeiro turno.

Encolhimento

Serra e Alckmin sacudiram o panorama eleitoral em 2002 e 2006 com uma vantagem que o PSDB nunca mais teve: o maior tempo de propaganda. Ambos contaram com mais de dez minutos de exposição em cada bloco de 25 minutos, enquanto Lula teve 5min19s na primeira campanha e 7min18s na segunda.

Perda

De 2006 para 2010, o PSDB perdeu 30% de seu tempo de TV. Serra, novamente candidato, saiu do horário eleitoral praticamente como entrou, na faixa dos 30% do eleitorado. Quem cresceu, principalmente na reta final, foi Marina Silva, então no PV: ela dobrou sua taxa de intenção de votos durante o período de exposição na TV. Mas o impulso foi insuficiente para que ela fosse ao segundo turno.

Em 2014, o candidato do PSDB, Aécio Neves, terá ainda menos tempo: 4min35s, quase 40% a menos do que Serra há quatro anos. Marina, que teve 1min23s em 2010, agora passará a pouco mais de 2 minutos.

Migração

Para o cientista político Carlos Pereira, professor da FGV-RJ, o horário eleitoral fixo vem perdendo importância com a fuga dos espectadores para os canais de TV paga. "O que tem sido mais efetivo são as inserções rápidas, na TV e no rádio", afirmou.

Pereira e a cientista política Alessandra Aldé, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), consideram que o horário eleitoral tende a influenciar mais o eleitorado indeciso. O número de indecisos ou dispostos a votar em branco ou nulo caiu de 53% a 63% nas campanhas de 1998, 2002 e 2006 entre o início e o final do período de propaganda. Em 2010, a queda foi de apenas 32%.

Na avaliação de Carlos Pereira, mesmo os indecisos não fazem a escolha apenas com base na propaganda. "O eleitor médio pode não ter grau aprofundado de informação, mas sabe o preço do leite, se seu bairro está seguro ou se falta água", afirma o pesquisador. "São informações que ele observa em sua rotina, e com base nelas pode tomar decisões racionais." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.