
Pesquisa Datafolha publicada ontem mostra que Marina Silva (PSB) entra na disputa pela Presidência da República com 21% das intenções de voto. O resultado a coloca em segundo lugar, num empate técnico com Aécio Neves (PSDB), que aparece com 20%. A presidente Dilma Rousseff (PT) tem 36% das intenções de voto. O desempenho de Marina, que deve ser oficializada como candidata amanhã, praticamente enterra as chances de o pleito ser decidido já no primeiro turno.
INFOGRÁFICO: Veja os números de Marina Silva na disputa pela Presidência da República
No primeiro levantamento depois da morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), Marina aparece à frente de Dilma numa simulação de segundo turno: 47% contra 43%. Já contra Aécio, a petista é quem venceria, por 47% a 39%.
O dado que mais chama a atenção e que projeta um segundo turno na disputa deste ano é que Marina aparece na pesquisa com quase o triplo das intenções de voto que tinha Eduardo Campos (8%), enquanto os dois adversários mantiveram o mesmo índice do levantamento anterior. Pela pesquisa, é possível verificar, portanto, que a ex-senadora conquistou um importante porcentual de eleitores sem candidato.
No levantamento de julho, as intenções de voto nulo ou em branco eram 13%. Agora, com Marina na disputa, a taxa caiu para 8%. Indecisos eram 14% e agora são 9%. Os números mostram que migrou para a ex-senadora a escolha de parte dos eleitores que pensavam em anular o voto muitos como forma de protesto, ainda influenciados pelas manifestações de 2013 ou que estavam com dificuldade para escolher entre a polarização PT-PSDB e o ainda pouco conhecido Eduardo Campos.
A definição da eleição para presidente somente no segundo turno ganha ainda mais força quando o levantamento simula um cenário em que o PSB não apresenta um substituto para Campos. Com Marina fora da disputa, Dilma venceria a eleição já no primeiro turno com 41% oito pontos a mais que a soma dos rivais. O índice de eleitores sem candidato, entretanto, continuaria alto: 12% de indecisos e 13% de brancos e nulos.
Vaga em disputa
Disputando voto a voto a vaga no segundo turno contra Aécio, Marina aparece à frente do candidato tucano graças, em parte, ao eleitorado de Eduardo Campos no Nordeste. Das cinco regiões do país, a ex-senadora vence Aécio apenas no Nordeste, por uma diferença de oito pontos porcentuais: 20% contra 12%. Os dois empatam em intenções de voto no Norte, e Aécio figura à frente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, mas nas três situações em condição de empate técnico.
Além disso, entre os três principais candidatos, Marina é a que apresenta o menor índice de rejeição, com 11% Campos tinha 12%. Dilma aparece com 34% de rejeição, e Aécio tem 18%.
Pesquisa traz o ponto de partida, analisa professor
Das agências
Feita ainda em um momento de comoção pela trágica morte de Eduardo Campos, a pesquisa Datafolha divulgada ontem mostra a força de Marina Silva, na opinião do cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas Marco Antônio Carvalho Teixeira. Mas, para ele, o fim da comoção e o início do horário eleitoral é que vão mostrar um patamar mais realista da ex-senadora. "A pesquisa traz, no mínimo, o ponto de partida dela. Se ela vai manter isso ou se vai subir, temos que esperar pelo menos mais duas novas rodadas", afirma. A grande mudança de estratégia, na visão de Teixeira, terá de ocorrer para Aécio Neves. O tucano, que antes se preocupava somente com Dilma Rousseff, uma vez que a campanha do PSB tinha dificuldades para crescer, agora se vê em um duelo por uma vaga no segundo turno com Marina. "Ela puxa indecisos e nulos que, pelo visto, não queriam ir nas opções que estavam postas."
O patamar "altíssimo" de intenção de voto em Marina no segundo turno também foi destacado pelo cientista político. Segundo ele, a ex-senadora "tira o sono do PT" e mostra que consegue atrair o voto de Aécio em um embate direto com a atual presidente. No entanto, os problemas de base partidária menor que a dos rivais − que dificultavam a campanha de Campos − devem permanecer para Marina.



