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Santander culpa analista, mas não esfria polêmica com o governo

Banco teria demitido autor de informe enviado a correntistas, mas vice Michel Temer cancelou ida a evento patrocinado pela instituição

Michel Temer cancelou participação em evento; Dilma teria ouvido pedido de desculpas de presidente do banco no país | Ueslei Marcelino/Reuters
Michel Temer cancelou participação em evento; Dilma teria ouvido pedido de desculpas de presidente do banco no país (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

Em meio à polêmica após o Santander enviar a clientes de renda alta um extrato apontando risco de deterioração da economia brasileira em caso de reeleição da presidente Dilma Rousseff, o presidente mundial da instituição financeira, Emilio Botín, disse ontem que o informe "não é do banco, mas de um analista". Segundo ele, foram tomadas medidas internas sobre o episódio. A instituição confirmou que envolvidos no episódio serão demitidos.

O clima causado pela carta aos correntistas ficou tão ruim que, mesmo após pedido de desculpas de Botín, o vice-presidente da República Michel Temer cancelou participação que faria nesta semana no 3º Encontro Internacional de Reitores Universia 2014, encontro mundial de reitores, no Rio de Janeiro, patrocinado pelo Santander. O presidente do PT, Rui Falcão, disse que aceitaria as desculpas, mas que isso não apaga o episódio. Falcão disse que o que o Santander fez é "proibido".

O candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, também entrou na briga. Ele disse que considerou a atitude do Santander um "crime contra a política brasileira". "Não se pode admitir que um banco espanhol queira interferir na política brasileira", criticou. "Se não fossem os governos deles [Lula e Dilma], o Brasil estaria na mesma situação que a Espanha".

Na Espanha, sede do Santander, o episódio gerou mal-estar no banco, que tem no Brasil um quinto do lucro do grupo. Segundo o jornal "El Pais", a vinda de Botín ao Brasil para o encontro mundial de reitores também estaria ameaçada. O jornal ressalta que "desde que a presidente Dilma Rousseff assumiu o poder, em 2011, o presidente do Santander esteve pelo menos quatro vezes no país, sempre recebido pela presidente no Palácio do Planalto. Nos encontros, Botín fazia questão de tornar públicas suas mensagens de otimismo com o país".

Botín acrescentou que o presidente da instituição no Brasil, Jesús Zabalza, já prestou esclarecimentos às autoridades e a Dilma. Após a declaração do presidente, o banco informou que todas as pessoas responsáveis pela elaboração e aprovação do informe serão demitidas. Não foi informada a data das demissões.

"Para o banco Santander, o Brasil é um País importantíssimo", disse Botín, acrescentando que a instituição financeira já investiu US$ 27 bilhões, montante referente ao valor desde quando está presente no Brasil, em 1982.

Informe

No dia 1º de julho, o banco enviou aos seus clientes do segmento Select, que ganham mais de R$ 10 mil por mês, o informe afirmando que, se Dilma se estabilizar nas pesquisas de opinião para as eleições de outubro ou voltar a subir, as cotações da Bolsa vão cair, os juros vão subir, e o câmbio se desvalorizará. O Santander é o quinto maior banco do país (atrás de Banco do Brasil, Itaú, Caixa e Bradesco) e o primeiro de capital estrangeiro em atuação no país.

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