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 | André Rodrigues/ Gazeta do Povo
| Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo

Estado mínimo, venda de estatais, redução no número de ministérios e isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. São algumas das propostas do candidato à Pre­­si­­dência da Repú­­bli­­ca pelo PSC, Pastor Everaldo (PSC), que esteve em Curitiba no fim de semana para participar de uma série de eventos.

Polêmico, o pastor da Igreja Assembleia de Deus considera a Petrobras um "antro de corrupção", promete vender a estatal e diz que, sem gastos que considera desnecessários, como a construção de um porto em Cuba com recursos federais, há dinheiro para fazer as mudanças necessárias e investir no país.

Questionado por não ter experiência na administração pública, Pastor Everaldo criticou a atual administração e cuitou como exemplos os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Um foi intelectual, não teve grandes cargos. Outro, torneiro mecânico com uma breve passagem pelo Congresso. A outra também foi só secretária. Sou um constante aprendiz e estou preparado", afirmou o candidato. Confira trechos da entrevista.

A sua única experiência em cargos públicos foi como sub-secretário da Casa Civil no governo do Rio de Janeiro. O senhor acredita que tem experiência suficiente para governar um país?

Tive na minha vida várias experiências empreendedoras. Fui camelô na feira, servente de pedreiro, office boy. Me formei, trabalhei em várias empresas de seguro e formei minha própria empresa. Sou um empresário da iniciativa privada. No governo do Rio de Janeiro fui sub-secretário e presidente do Rio Previdência. Sinto-me uma pessoa com experiência suficiente. Tivemos um presidente que era um intelectual, sem grande experiência. Tivemos também um torneiro mecânico que foi apenas deputado federal, com uma breve passagem no Congresso. E a atual presidente foi só secretária no Rio Grande do Sul. Ronald Reagan presidiu os Estados Unidos sem nunca ter sido nada. Sou um constante aprendiz e estou a cada dia diz mais preparado para ser presidente da República. Não sou sozinho – tenho uma equipe comigo. O Brasil precisa de um governo que seja sério e que sirva ao cidadão brasileiro.

O senhor fala que implantará a meritocracia no seu governo. De que forma o senhor pretende fazer isso? O que o senhor entende por meritocracia?

Hoje temos quase 30 mil cargos comissionados no governo federal e não há mérito nesse processo. Os funcionários públicos que são concursados, que têm mérito e são preparados, são colocados de lado. Nós vamos colocar nas funções quem é preparado para exercê-las.

O senhor fala de corte nos ministérios, de 39 para 20, e na criação do Ministério da Segurança. Quais o senhor considera irrelevantes para o governo federal?

O ministério da "enro­­la­­ção institucional", da Secretaria-Geral (da Pre­­si­­dência da República). Não há uma lista, pois nós vamos fazer uma reforma administrativa e vamos enxugar – isso é certo. Vamos enxugar a máquina pública ao mínimo necessário.

O senhor falou que vai privatizar todas as empresas públicas, defendendo um Estado mínimo. Quais seriam as atribuições do Estado no seu governo?

Sou fruto de uma escola pública de qualidade, mesmo sendo uma pessoa de família humilde, que trabalhou desde cedo. O meu foco principal é a segurança pública, a saúde e a educação. Um país só consegue crescer e se desenvolver se tiver educação. E a educação básica. Nos últimos 10 anos, mais de 32 mil escolas rurais foram fechadas no país. É inconcebível. Onde as pessoas mais precisam não tem escola, a pessoa tem que sair da zona rural e vir para a cidade, desagregando a família. O foco é esse – vou vender essas empresas, como a Petrobras, por exemplo. Uma empresa que foi orgulho nacional tem dívidas de mais de R$ 200 bilhões, é um foco de corrupção aqui e ali. Se passarmos para a iniciativa privada, o petróleo vai continuar sendo nosso. Mas quem tem expertise para explorar é a iniciativa privada. O dinheiro gasto com os rombos dessas estatais vai ser colocado na educação, na saúde e na segurança pública.

O senhor pretende manter os programas sociais do governo federal?

Eu tive o privilégio de participar da implantação do primeiro bolsa família – o cheque-cidadão no Rio de Janeiro, em 1999. Ouvi o relato dos primeiros a receber o benefício. Nunca tinham entrado em um supermercado para fazer uma compra de R$ 100. Pela primeira vez puderam comprar um iogurte para os filhos. As famílias que recebiam o benefício eram obrigadas a manter as crianças na escola. Eu sei o que isso representa na vida do necessitado. Jamais deixarei um brasileiro com fome. Todavia, vou dar condições de capacitação, para que cada beneficiário possa entrar no mercado de trabalho. O melhor programa social é aquele em que o beneficiário chega e diz: não preciso mais desse benefício.

Muitos tributaristas defendem uma reforma que tribute mais a renda e o patrimônio e menos a produção e o consumo, mas o senhor pretende isentar de Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5 mil. Como conseguir receita para fazer as mudanças necessárias?

Se não fizer porto em Cuba, tem dinheiro suficiente. Se não comprar sucata de Pasadena, se não pegar dinheiro para subsidiar apaniguados... Tudo isso é mais do que suficiente para cobrir essa diferença que vai deixar de ser cobrada do trabalhador, que vai ter dinheiro no bolso para fazer um investimento na poupança. Eu não vou fazer como o atual governo, que faz desonerações pontuais e prejudica o repasse do FPM [Fundo de Participação dos Municípios] e do FPE [Fundo de Participação dos Estados]. Vou atender à demanda dos prefeitos: a partir do ano que vem vamos repassar além do que hoje é repassado, cerca de 12%. Vamos repassar mais 2% para as prefeituras e dentro disso construir um novo pacto federativo.

O senhor defende o casamento como está na Constituição, porém há um movimento nacional e internacional de reconhecimento de direitos LGBT, inclusive em decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). O senhor não considera que o Brasil estaria indo na contramão da garantia de direitos ao cidadão? Como pretende fazer valer sua plataforma?

Eu estou, graças a Deus, num país democrático. Aqui não é Cuba, não é Venezuela. Então eu tenho liberdade de defender aquilo no que eu acredito e eu tenho convicção de que estou na mão na história, e não na contramão.

O seu partido, o PSC, tem crescido em número de eleitos no país. Existe alguma liderança regional, alguém que se destaque dentro do partido, que possa vir a se candidatar dentro de quatro ou oito anos? Quais são os planos a longo prazo?

Nós temos muita juventude se destacando, inclusive temos um líder aqui no Paraná, que é o [deputado federal] Ratinho Júnior. É nosso presidente estadual e foi líder da bancada. Temos juventude pelo Brasil afora. O PSC é um partido que dá espaço para a juventude representar bem a população brasileira. Nós acreditamos que é possível dinamizar o partido, crescer ainda mais.

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