
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ter dado ontem, sem querer, uma pista de quem será o ministro da Fazenda no governo da presidente eleita Dilma Rousseff: a escolha recairia sobre Guido Mantega, que ocupa a função desde 2006. O ministro recebeu, em público, dicas de Lula para sua atuação no ano que vem. Dilma não confirma nome nenhum para seu ministério, mas o indício deixou ainda mais fortes as especulações de que Mantega permanecerá no posto.A pista de Lula veio na entrevista coletiva que concedeu na tarde de ontem em Seul, na Coreia do Sul, onde o presidente participa da reunião do G-20. Lula cedeu o pódio para que Mantega falasse por quase 20 minutos sobre a ameaça de guerra cambial. E falou sobre a atuação que será necessário ter em 2011, quando quem estará no comando do governo será sua sucessora.
"Guido, na próxima reunião de ministros do G-20, é importante que se faça um levantamento para saber o que cada país fez desde a primeira reunião até agora", orientou o presidente durante a coletiva. E completou: "Acho, viu Guido, que essa é uma tarefa importante para as equipes econômicas que compõem o G-20 trabalhem para que possam facilitar as tomadas de decisões futuras".
Mantega, um dos favoritos de Lula, foi o único ministro a acompanhar Lula e Dilma na viagem à Coreia do Sul, o que já foi visto como um sinal de força. A especulação é de que Lula gostaria de ver Dilma repetindo a dupla que escalou para as duas principais funções na área econômica: Mantega na Fazenda e Henrique Meirelles para o Banco Central. Por terem visões um pouco diferentes Mantega mais desenvolvimentista e Meirelles mais conservador os dois teriam servido de freio um para o outro.
Para o mercado, a manutenção da atual equipe econômica seria vista com bons olhos, dados os bons resultados obtidos nos últimos anos. No entanto, a presidente eleita ainda tem outras opções. Entre elas, a de Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda de Lula, e de Luciano Coutinho, atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tido como um dos prediletos de Dilma e que poderia ser alçado à Fazenda.
Mantega, porém, parece ser o mais forte no momento. Ministro de Lula desde o primeiro momento, em 2003, atuou no Planejamento e depois no BNDES. À Fazenda chegou em março de 2006, depois que Palocci caiu por denúncias de quebra de sigilo fiscal.
Mantega ganhou destaque na função por ter tido um papel relevante durante a crise financeira internacional deflagrada em 2008. "Com medidas que estimularam a economia brasileira, tanto o Ministério da Fazenda quanto o Banco Central foram bastante proativos em desenvolver medidas para restaurar a segurança", afirma o economista Leonardo Boguszewski, conselheiro do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR). A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros e produtos da "linha branca", que estimularam a produção e o consumo, está entre as propostas mais elogiadas. "Essas ordens fiscais, como a isenção de tributos, que passam pelo crivo do ministério, foram uma medida acertada", considera.



