
Com a popularidade em baixa, diversos políticos têm buscado nas últimas semanas se apresentar publicamente de uma forma mais “humana” para ganhar pontos positivos diante da população. É o caso, por exemplo, da presidente Dilma Roussef (PT), que foi flagrada diversas vezes andando de bicicleta nos arredores do Palácio do Planalto, em Brasília. O governador do Paraná Beto Richa (PSDB), por sua vez, postou fotos em sua página oficial no Facebook doando sangue e recebendo no Palácio Iguaçu um garoto.
O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), faz isso há mais tempo. No dia da posse, em 2013, por exemplo, o prefeito chegou de bicicleta para a cerimônia.
De acordo com o professor de Relações Públicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Marcos Zablonsky, especialista em marketing pessoal e político, a estratégia não é nova. “Se a gente voltar lá atrás, o [ex-presidente Fernando] Collor também fazia isso. Todos os domingos ele saía da Casa da Dinda, colocava uma camiseta e corria; e centenas de pessoas corriam atrás dele. É uma forma que eles têm de buscar essa humanização e essa aproximação com o eleitorado”, afirma.
É uma forma que eles têm de
buscar essa humanização e essa aproximação com o eleitorado. Eles ainda têm três anos de governo.
Começaram um novo governo
e começaram mal.
As iniciativas dos governos estadual e federal são motivadas pela má fase que ambas as administrações passam. “Eles ainda têm três anos de governo. Eles começaram um novo governo e começaram mal”, diz Zablonsky.
Na esfera federal, Dilma começou o mandato com os ajustes fiscais e descumprindo promessas de campanha. No Paraná, o governador Richa enfrenta uma crise de popularidade causada pelo pacote de aumento de impostos aprovado em dezembro, pelo escândalo na Receita Estadual, pelo confronto entre professores e Polícia Militar no Centro Cívico em 29 de abril, entre outros motivos.
“Ele [Richa] vai fazer uma agenda positiva, resgatar um pouco da sua imagem para tentar, nestes três anos de governo que faltam, deslanchar e preparar o governo para outro candidato”, diz o professor de Relações Públicas.
De acordo com Zablonsky, a estratégia utilizada por Dilma também não é novidade. “No ano passado eles tentaram fazer aqueles passeios de moto que ela [Dilma] fez com um assessor do Palácio. Ela foi duas ou três vezes, saiu em Brasília de moto”, lembra o especialista. “Às vezes a sociedade quer saber o que as pessoas com perfil de visibilidade fazem.”
O governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) também tem adotado técnicas de humanização para se aproximar da população. O tucano busca uma projeção nacional para se contrapor com o colega de partido Aécio Neves para disputar a candidatura à Presidência nas eleições de 2018.
No início desse mês, Alckmin perdeu o filho caçula em um acidente aéreo. De acordo com Zablonsky, apesar da intenção de não usar a tragédia para promoção pessoal, o fato sensibiliza o eleitor. “Recentemente ele foi questionado sobre como está cuidando da questão emocional. Ele disse: ‘Eu chego a rezar 20 pai-nossos por dia porque eu lembro do meu filho’.” Segundo o professor, a simples divulgação dessa frase já está humanizando o governador de São Paulo.













