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Beto Kaiser em campanha: criação do Conselho Municipal dos Direitos Humanos | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Beto Kaiser em campanha: criação do Conselho Municipal dos Direitos Humanos| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo
  • Andrielly Vogue, em campanha á Câmara de Vereadores de Curitiba

São apenas dois, mas prometem fazer barulho na Câmara Municipal de Curitiba caso sejam eleitos. Os candidatos Beto Kaiser (PPS) e Andrielly Vogue (PT) representam o Movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), uma das minorias que têm pouca ou nenhuma visibilidade na política local.

A capital paranaense registrou uma redução no número de concorrentes ligados ao movimento – foram três em 2004. Mesmo assim, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) comemora o aumento no âmbito nacional. "Há 12 anos tínhamos seis candidatos no país. Hoje temos 65 concorrentes assumidos e mais de 150 aliados (candidatos que não são LGBT, mas que apóiam a causa)", destaca Toni Reis, presidente da ABGLT.

O discurso contra a discriminação dá o tom da campanha. "Sou gay e observo a discriminação, ela existe e isso é fato. Temos que trabalhar para tentar reduzi-la", diz Beto Kaiser. Para ele, é fundamental a inserção dos LGBTs na sociedade e que o fim do preconceito é uma utopia.

Uma das propostas do candidato é a criação do Conselho Municipal dos Direitos Humanos, que seria um fórum de debate, apresentação de propostas e soluções que beneficiassem as minorias. "Seria um espaço de discussão do movimento LGBT e de outras minorias, como negros, ciganos, indígenas, catadores de papel, idosos e mulheres", explica.

A travesti Andrielly Vogue (PT) também ataca a discriminação. Ela conta que teve um santinho queimado enquanto conversava com os eleitores. "Estava distribuindo os meus panfletos, e então um rapaz pegou e colocou fogo. Felizmente esse caso foi exceção. Porque por mais que algumas pessoas não me apóiem, ao menos me respeitam", afirma.

Uma das propostas de Andrielly é a criação de uma casa de apoio aos portadores do vírus HIV. E mesmo não sendo competência municipal, a candidata ressalta que essa será a sua principal reivindicação na Câmara Municipal caso seja eleita. "É uma parcela da população esquecida e marginalizada. Por isso é necessário que seja feito um trabalho de conscientização, acolhimento e que sejam dadas as condições para o tratamento", comenta.

Além de representantes nos legislativos municipais, a ABGLT pretende eleger também membros do movimento para prefeituras de cidades brasileiras. O exemplo vem de alguns municípios europeus – como Berlim e Paris. "São cidades de primeiro mundo e que são administradas por políticos LGBTs. Eles foram eleitos pela competência e a vontade política que demonstraram. Porque a sexualidade de uma pessoa não tem nada a ver com a sua capacidade", finaliza Reis.

Movimento Negro luta por inserção

O Movimento Negro também almeja eleger alguns de seus candidatos. No entanto, a questão é que nem todos os concorrentes afro-descendentes integram organizações representativas, até porque esses núcleos não existem em todos os partidos, ou não são especificamente voltados ao debate da igualdade racial.

Alzimara Bacellar é membro do PMDB Afro, um núcleo do partido voltado à discussão sobre as questões raciais. E além de tentar amenizar a discriminação – através de um trabalho educativo de conscientização da população –, a candidata destaca que é necessário um resgate da juventude negra. "Eles precisam ser inseridos na sociedade, precisam ter condições de estudar e trabalhar. Não podem ser os maiores prejudicados pela exclusão e pela falta de oportunidades. São questões amplas, que chegam a ultrapassar a área de atuação de um vereador, mas pretendo auxiliar para melhorar essa situação", afirma.

Já o candidato Jorge Rangel Filho é um dos integrantes do Movimento Negro do PDT, e destaca a questão da falta de representatividade do movimento na política. "Estamos buscando o nosso espaço. Ainda são poucos os parlamentares negros, mas isso é um reflexo da nossa sociedade", afirmou. Para ele, os governantes precisam ter como meta resolver os problemas das minorias, e não apenas lembrar desses grupos no período eleitoral. "O movimento negro precisa de maior atenção. E os deficientes, idosos e tantos outros grupos excluídos também. Por isso é preciso votar com muita atenção, pois na época da campanha aparecem milhares de propostas. E muitas delas não serão cumpridas", comenta Rangel Filho.

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