
Adotando um evidente discurso de campanha, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) disse ontem, em Curitiba, que "certamente [será candidato] a alguma coisa" nas eleições do ano que vem. Questionado se disputará a Presidência da República, o tucano foi evasivo. Serra, porém, deixou claro que tem divergências dentro do PSDB, que já lançou o senador Aécio Neves (MG) como pré-candidato. Afirmando que nem tudo é maravilhoso no ninho tucano, ele disse que não depende só dele o partido pelo qual irá dar continuidade ao seu projeto de ser uma opção para mudar o governo federal.
Ao lado do governador Beto Richa numa coletiva, Serra se esquivou de traçar seu destino para as próximas eleições. A única certeza, disse, é que apoiará Geraldo Alckmin na reeleição para o governo paulista. De resto, deixou abertas as possibilidades em relação ao cargo que irá disputar e por qual partido. "O PSDB é um partido que ajudei a fundar e com o qual tenho muita identidade. É tudo maravilhoso? Não. Na vida, é sempre assim", desconversou.
Sobre o recente convite do PPS para ser candidato a presidente, ele declarou não ter "nenhum plano para sair amanhã do PSDB". "Nunca me incomoda quando alguém tem interesse em ficar do meu lado, na vida pública é assim. Mas isso não significa que já tenha um caminho pré-determinado e certeiro", garantiu.
Serra, porém, cutucou o comando nacional do PSDB ao defender a realização de prévias. Em pesquisa divulgada no último fim de semana pelo Datafolha, ele teve desempenho muito próximo ao de Aécio. "Quem pode falar pelo partido é o próprio partido. Mas não vejo nada de exótico em primárias, se houver mais de um candidato".
Ataques ao governo
Sempre que foi questionado sobre 2014, o tucano destacou que o mais importante é discutir o futuro do país. Com base nisso, atacou a gestão de Dilma Rousseff e disse que o Brasil está "sem rumo". "[O governo] não tem projeto, não sabe para onde vai. Tudo é prioritário e nada é prioritário. Está faltando um governo que antecipa acontecimentos, que planeja e identifica prioridades."
O ex-governador também comprou o discurso de Richa de que o governo federal discrimina estados administrados por adversários. Ele citou que o Paraná seria o 5.º estado em contribuições à União, mas apenas o 23.º no ranking de investimentos federais. "É uma aberração que não se justifica sob nenhum critério. [O governo federal tem de] usar menos política nas decisões de investimentos, na distribuição regional dos gastos federais", disse Serra.
Por fim, defendeu que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) investigue todas as licitações de trem, metrô e energia do país, inclusive as do governo federal. Isso porque os últimos governos tucanos de São Paulo são investigados devido a uma denúncia de formação de cartel em negócios envolvendo a compra e manutenção de equipamentos para o metrô da capital. "São empresas que fornecem para o Brasil inteiro, que são as principais fornecedoras do governo federal. Se é para fazer investigação, que se faça sobre tudo. Não tem por que ser restrito", afirmou, negando qualquer irregularidade na licitação ocorrida durante sua gestão como governador.



