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A equipe de advogados de Alberto Yousseff, considerado como um dos líderes do esquema de desvio da Petrobras, vai concentrar a defesa na alegação de que o doleiro serviu apenas como uma peça no sistema político criado para dar sustentação ao projeto de poder do PT. O documento deve ser apresentado à Justiça Federal do Paraná, onde tramitam os processos da Lava Jato, na próxima terça-feira (27).Segundo Basto, o dinheiro desviado da Petrobras na Operação Lava Jato influenciou o processo eleitoral tanto no nível Legislativo quanto no Executivo.

A defesa do doleiro vai apresentar na semana que vem as alegações em relação às denúncias contra Youssef e os executivos presos na sétima fase da Operação Lava Jato, em novembro do ano passado. De acordo com Basto, a defesa vai mostrar em suas alegações que Youssef não era o líder da organização criminosa desmantelada na operação. "O sistema funcionou para sustentar uma base de poder político em vigor", disse o advogado.

"É um projeto de poder para sustentação do PT. Não há dúvida disso. Vou citar isso na peça, claro. Não tem dúvida. PT e a base aliada como PMDB, PP", ressaltou Basto. "É a corrupção sustentando um esquema de poder. Não há para mim a menor dúvida que esse esquema é um grande sistema de manutenção de grupos políticos. Vamos sustentar isso na nossa defesa. Meu cliente foi mera engrenagem. Não era a peça fundamental do esquema. Não tinha esse poder para fazer com que o esquema funcionasse ou deixasse de funcionar. O esquema só existiu porque havia vontade política para fazer com que ele existisse", acrescentou o advogado.

No processo criminal, Youssef é acusado de chefiar um esquema que teria movimentado ilegalmente cerca de R$ 10 bilhões da estatal.Youssef está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde a deflagração da Operação Lava Jato, em março do ano passado.

O advogado vai tentar provar que o doleiro não é o articulador do esquema e que, apesar de ter consciência dos crimes que praticava, foi usado por agentes políticos. "A participação dele é de menor importância. O esquema era destinado a servir o esquema de poder em vigor", afirmou. "Vamos demonstrar que o prejuízo maior é a própria democracia", sugere o advogado.

Segundo Basto, o fato dos corruptos serem indicados por partidos políticos é uma das provas de que Youssef não era o articulador do esquema. Em depoimento à Justiça Federal de Curitiba no ano passado, Youssef afirmou que a propina cobrada para fechamento de contratos com a Petrobras era distribuída a três partidos: PT, PMDB e PP. O doleiro e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmaram que uma propina de 3% sobre o valor total dos contratos era cobrada e dividida entre os partidos.

Costa e Youssef firmaram acordo de delação premiada com a Justiça e colaboraram com as investigações. Eles revelaram o esquema de corrupção que se instalou dentro da maior estatal do país e entregaram uma lista de políticos com foro privilegiado. O caso foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), que tem competência para julgar casos envolvendo parlamentares.

Alberto Youssef responde a 11 ações penais referentes à Operação Lava Jato. Em uma das ações, ele foi absolvido pelo juiz federal Sérgio Moro por falta de provas do envolvimento do doleiro com o esquema de tráfico de drogas investigado. Entre as demais ações a que o réu responde estão a da Petrobras, da lavagem de dinheiro do Mensalão, a que aponta irregularidades em contrato firmado entre a empresa Labogen e o Ministério da Saúde e as ações contra os empreiteiros, presos em novembro do ano passado depois que as investigações apontaram para a existência de um cartel para obtenção de obras com a Petrobras.

Engevix

Numa linha de defesa similar, os advogados do empresário Gérson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix Engenharia, afirmam em documento entregue à Justiça Federal que a Petrobras foi usada para bancar o "custo alto das campanhas eleitorais". Segundo a defesa de Almada, preso pela Operação Lava Jato desde 14 de novembro de 2014, "a Petrobras foi escolhida para geração desses montantes necessários à compra da base aliada do governo e aos cofres das agremiações partidárias".

O advogado de Youssef ressalta que não há combinação na linha de defesa com outros defensores. "Não há nenhuma harmonia entre as defesas, trabalhamos de forma individual. O que há é a verdade, o esquema vem de cima. Agora todo mundo já está falando porque é notório, as empreiteiras estão servido de bode expiatório. É verdade que não tem inocente nesse jogo, ninguém foi extorquido, achacado, todos entraram de forma consciente. Mas é evidente que se o sistema não funcionasse haveria prejuízos para as empreiteiras. Vinha de cima e era para sustentar sim um esquema político. Se você não tem os corruptos, não tem esquema. E quem nomeavam os corruptos? Os políticos. É uma lógica irrefutável", ressaltou Bastos.

Além da apresentação da defesa na próxima semana, os advogados de Youssef preparam um segundo documento para ser apresentado no início de fevereiro para que o doleiro passe a cumprir pena em regime domiciliar.

Perdão judicial

A defesa do doleiro também espera conseguir o "perdão judicial" no final do processo em razão das informações prestadas pelo doleiro, após acordo de delação premiada que foi homologado no último dia 19 de dezembro pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki. "Vamos tentar o perdão judicial porque entendemos que a colaboração é extremamente proveitosa. Sem a colaboração do Alberto Youssef a Lava Jato não teria evoluído em nada, não seria possível tomar a dimensão que tomou", afirma Basto.

Segundo ele, ao contrário de algumas defesas apresentadas, até o momento, no processo por parte dos envolvidos no esquema, não pretende pedir anulação das provas levantadas pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

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