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 | Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
| Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

Em seu terceiro depoimento na Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou aos investigadores que tenha participado de uma trama para interferir na delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e ainda que tenha uma relação próxima com o senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS).

Segundo a reportagem apurou, Lula descartou ter atuado para atrapalhar as investigações da Lava Jato como afirmou o congressista. Delcídio contou em sua colaboração que Lula, por meio da família do pecuarista José Carlos Bumlai, agiu para tentar evitar a delação de Cerveró.

O parlamentar disse ainda que o ex-presidente selou a indicação de Cerveró para a diretoria internacional da Petrobras, como recompensa aos serviços prestados ao PT - após dar um empréstimo de R$ 12 milhões a Bumlai que serviu para quitar uma dívida do partido, sendo que o Banco Schahin obteve contratos na estatal.

Ao longo de uma hora e meia de fala, Lula teria tentando se distanciar de Delcídio e disse que não participou da indicação do senador para a liderança do governo.

O ex-presidente ainda teria voltado a negar interferência nas diretorias da Petrobras, reforçando que há uma discussão política, com partidos e lideranças da legenda, passando por triagem na Casa Civil e no GSI (Gabinete de Segurança Institucional). O petista reforçou que caberia ao Conselho Administrativo da Petrobras a indicação.

Essa versão contraria a delação de Delcídio, na qual ele afirmou que o ex-presidente teria influência nas decisões relativas às diretorias das grandes empresas estatais, especialmente a Petrobras.

Desdobramentos

O depoimento de Lula foi prestado a três procuradores, nesta quinta (7), na Procuradoria-Geral de República, sendo acompanhado por três advogados. A fala foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)) Teori Zavascki, relator da Lava Jato. Lula chegou a pedir o adiamento, mas o STF recusou.

De acordo com interlocutores, Teori tem comentando que recomendou um depoimento reservado, agindo com a cautela que é exigida de um magistrado.

A declaração foi interpretada como uma crítica indireta ao juiz Sergio Moro, que liberou a condução coercitiva de Lula, em uma das fases da Lava Jato, provocando tumulto. Além do depoimento para a força-tarefa da Lava Jato durante a condução, o ex-presidente havia falado como testemunha em um dos inquéritos do esquema de corrupção da Petrobras no STF.

A Procuradoria avalia se vai pedir a inclusão de Lula no inquérito que apura se uma organização criminosa atuou nos desvios da estatal e também na denúncia de Delcídio que foi oferecida ao STF por obstruir as investigações da Lava Jato, justamente pela tentativa de atrapalhar a delação de Cerveró.

Em relação ao ex-presidente Lula, procuradores lembram que, além de Delcídio, outros delatores indicaram que podem fazer menções a Lula. Há expectativa, por exemplo, que o ex-deputado Pedro Correa (PP-PE), que também fechou colaboração premiada, fale do ex-presidente.

Atualmente, o chamado inquérito do quadrilhão investiga 39 pessoas, entre eles políticos do PP, PT e PMDB, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Edison Lobão (PMDB-MA), e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

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