
Em plena crise econômica, as despesas da Presidência da República com publicidade cresceram 25% no primeiro trimestre do ano, em relação ao mesmo período de 2008. Enquanto o setor privado apertou o cinto para fazer frente ao abalo global da economia, o governo seguiu na direção inversa, elevando despesas em geral e os gastos com propaganda. Até março, esses gastos já chegavam a R$ 37,1 milhões, contra R$ 29,7 milhões registrados nos três primeiros meses de 2008.
No cálculo estão computados os pagamentos feitos do Orçamento do ano e os chamados restos a pagar despesas de exercícios anteriores pagas em 2009. A maior parte das despesas se refere a publicidade institucional R$ 26,649 milhões em 2009 para divulgar ações do governo. O restante foi gasto com publicidade de utilidade pública, como campanhas de trânsito e de vacinação.
O Orçamento de 2009 destina R$ 171 milhões para a Presidência gastar com publicidade, sendo R$ 139 milhões para as campanhas institucionais e R$ 32 milhões para peças de utilidade pública. O valor é 10% maior em relação à dotação de 2008, de R$ 155,2 milhões.
O governo atribui este aumento à crise. O subchefe-executivo da Secretaria de Comunicação Social, Ottoni Fernandes Júnior, disse que a pasta optou por começar mais cedo as campanhas institucionais para informar à sociedade as ações que o governo adota para enfrentar e combater a crise as chamadas medidas anticíclicas. "A grande massa não lê jornal. Fizemos ações de assessoria de imprensa, mas depois percebemos a necessidade de reforçar a comunicação com as campanhas", afirmou.
Mais contratos
A execução do orçamento de publicidade mostra que as despesas empenhadas (contratadas) também cresceram substancialmente no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2008. O empenho é o primeiro passo para a execução de uma despesa do orçamento.
O crescimento no montante desses recursos mostra que o ritmo de gastos com publicidade neste ano está muito mais veloz do que em 2008. Até março, as despesas empenhadas chegavam a R$ 45,5 milhões, 147% acima do mesmo período de 2008 (R$ 18,4 milhões).
"Sempre concentrávamos os gastos a partir de abril, reforçando as campanhas no segundo semestre, mas este ano exigiu mais publicidade por causa da crise", explicou Fernandes Júnior. Segundo ele, a publicidade institucional tem fins de utilidade pública, informando a população sobre impostos e linhas de crédito, por exemplo.



