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| Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

Em evento sobre democracia em Curitiba, na tarde desta quinta-feira (15), o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Deltan Dalagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, classificou como natural as reações a respeito da denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele ainda rebateu as acusações de que a investigação é partidarizada ao dizer que há mais de 300 pessoas envolvidas na operação, todas técnicas e concursadas.

Aplaudido efusivamente ao subir ao palco, Dalagnol disse que a reação à denúncia tomou vulto por envolver pessoas poderosas política e economicamente. Apesar das pressões, ele garantiu que seguirá cumprindo e seguindo a Constituição com tranquilidade e equilíbrio.

Quebrando o gelo

Logo ao inciar sua palestra, o procurador Deltan Dalagnol disse que iria decepcionar os presentes. “Hoje vou fazer diferente. Não vou usar slides”, afirmou, arrancando gargalhadas da plateia. Nas redes sociais, burbulham críticas e piadas a respeito das planilhas que serviram de base para apresentação da denúncia contra Lula à imprensa, em coletiva na quarta-feira (14).

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Para rebater os questionamentos à Lava Jato, Dalagnol citou a 7ª fase da operação, quando, após apontarem o envolvimento de empresários poderosos no esquema do Petrolão, os procuradores foram acusados de cometer abusos e excessos. Na sequência, porém, os mesmos empresários passaram a se dizer vítimas de extorsão.

O mesmo, segundo ele, se deu na 14ª fase da operação, que abordou irregularidades cometidas pelas empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez. “Eles chamaram uma coletiva para dizer que não tínhamos nada mais do que indícios, quando, logo em seguida, apresentamos, provas documentais robustas.”

Durante os cerca de 20 minutos em que falou, o procurador do MPF ironizou as acusações de que a Lava Jato é partidarizada. Segundo ele, seria preciso construir uma teoria da conspiração, uma vez há mais de 300 funcionários públicos envolvidos, do Ministério Público, Receita e Polícia Federal. “Somos apenas pais de família fazendo o nosso trabalho. Se sairmos da linha, seremos punidos por isso”, declarou.

Na palestra, Dalagnol reconheceu que a corrupção no Brasil é sistêmica, mas, sobre os questionamentos a respeito de corrupção antes dos governos do PT, ele afirmou que eventuais crimes já estão prescritos. Disse ainda que não foi detectada a participação de partidos de oposição no esquema de corrupção da Petrobras porque são outras legendas que comandam o país desde 2003.

“Mudança de governo não é meio caminho contra a corrupção, não é caminho nenhum”, afirmou, numa clara referência à chegada de Michel Temer (PMDB) à Presidência da República. Na sequência, voltou a afirmar que, em nome da governabilidade, um presidente só consegue maioria no Congresso por meio do troca-troca de cargos de comando nos órgãos federais.

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Apesar de reconhecer que não há crime nessas nomeações, o procurador as classificou como “má governança corporativa”. O resultado, afirmou, é uma governabilidade corrompida, a busca de perpetuação no poder para formação de recursos que abasteçam campanhas eleitorais e o enriquecimento ilícito dos personagens envolvidos. “Nosso sistema político é falho e precisa de reformas, que resultem na redução do número de partidos e do custo das campanhas. Veja a campanha deste ano, com milhares de candidatos. É infiscalizável”, criticou. “Outro problema é a impunidade.”

Deltan usa o Facebook para criticar frase inventada:

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