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Congresso

Em protesto, PR deixa bloco governista no Senado

Insatisfeitos com a faxina nos Transportes, senadores da legenda adotam postura de independência que obrigará Dilma a negociar cada votação

“O PR não é lixo para ser varrido da administração. Não somos melhores nem piores do que ninguém. (...) Eu não sou lixo! O meu partido não é lixo! Nossos sete senadores não são lixo!” Alfredo Nascimento (PR-AM), senador e ex-ministro dos Transportes | Lula Marques/AE
“O PR não é lixo para ser varrido da administração. Não somos melhores nem piores do que ninguém. (...) Eu não sou lixo! O meu partido não é lixo! Nossos sete senadores não são lixo!” Alfredo Nascimento (PR-AM), senador e ex-ministro dos Transportes (Foto: Lula Marques/AE)

A presidente Dilma Rousseff teve ontem um dia de derrotas no Con­­­gresso Nacional. A oposição chegou a conseguir as assinaturas necessárias para criação da CPI dos Transportes (leia mais abaixo). E os sete senadores do PR, numa posição dúbia, deixaram o bloco de apoio do go­­verno no Senado, sem migrar para a oposição.

A decisão do PR foi uma forma de protesto contra a "faxina" promovida por Dilma no Ministério dos Transportes, comandado até a crise pelo partido. O abandono do bloco – formado agora por PT, PSB, PCdoB, PRB e PDT – não significa, de imediato, que o PR deixará de votar com o Planalto e passará para a oposição. Mas indica uma postura mais "independente", que exigirá negociação do Planalto em cada votação.

O senador Blairo Maggi (PR-MT) informou que a bancada acertará hoje o comportamento que adotará daqui para frente. Ele disse que Senado e Câmara vão tentar adotar um comportamento uniforme em relação ao governo. Ou seja, o de continuar apoiando as iniciativas da presidente Dilma Rousseff, mas com liberdade na hora de votar, sem ter mais que endossar a decisão fechada do bloco governista.

"Quando se está no bloco, o partido está fechado com o governo. Pelo me­­nos com o PR era assim. Votava-se em bloco", alegou. "Daqui para frente, deixa-se livre quem tem mais afinidade com a matéria. Há outros partidos que fazem assim", defendeu.

O também senador Magno Mal­­­ta (PR-ES) foi mais enfático e disse que o PR vai "dar tchau" ao governo. "Vamos dar tchau. Fica­­­mos oito anos com Lula e seis meses com Dilma", disse Malta, para logo depois atenuar a declaração afirmando que o partido poderá dar "apoio crítico ao governo".

"Não sou lixo"

O anúncio da debandada do PR do bloco governista ocorreu logo após o discurso, no Senado, do ex-ministro dos Transportes, o senador Alfredo Nascimento (AM). Ele criticou a faxina promovida pelo governo no seu partido. "O PR não é lixo para ser varrido da administração. Não somos melhores nem piores do que ninguém", afirmou da tribuna do Senado. Foi ainda enfático, ao assegurar que o partido, ao contrário dos demais da base aliada, tem "como prática, diante de denúncias, garantir que eventuais deslizes cometidos pelos filiados sejam investigados e, se comprovados punidos.

"Que cada um assuma a respon­­­sabilidade. Eu não sou lixo! O meu partido não é lixo! Nossos sete senadores não são lixo! Nós somos ho­­­mens honrados e queremos que seja apurado pelo menos a minha participação no Ministério dos Trans­­portes", reagiu Nascimento, que deixou o comando da pasta no dia 6.

Nascimento também lamentou a falta de apoio da presidente Dilma para que continuasse no governo. E ainda lançou suspeitas sobre o comportamento do governo na campanha eleitoral que elegeu a presidente, quando ele próprio se afastou do ministério para disputar o governo da Amazonas.

O senador disse que o ministério que deixou em 2010 é diferente do que encontrou no retorno, neste ano. Como prova, informou que no período, o Ministério dos Transportes tinha um "pacote de investimentos do PAC de R$ 58 bilhões". "Quando retornei (10 meses depois), já estava em R$ 72 bilhões. Fui o primeiro a perceber a disparada dos gastos previstos e determinei um pente-fino para conhecer a origem de tal movimentação", informou.

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