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A Repar, em Araucária: propina de R$ 32 milhões em duas obras | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
A Repar, em Araucária: propina de R$ 32 milhões em duas obras| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

R$ 32 milhões foram pagos em propina em duas obras da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, segundo os empresários Júlio Camargo e Augusto Mendonça, do grupo Toyo Setal. Eles prestaram depoimento no regime de delação premiada.

R$ 12 milhões teriam sido pagos para os ex-diretores da Petrobras Renato Duque e Pedro Barusco pela construção da unidade de recuperação de enxofre, retificação de águas ácidas, tratamento de gás residual e das subestações da Repar. A obra custou R$ 2,4 bilhões.

Os empresários Júlio Camargo e Augusto Mendonça, do grupo Toyo Setal, revelaram em seus depoimentos em regime de delação premiada que pelo menos R$ 32 milhões foram pagos em propina em duas obras da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná. Os executivos citaram o ex-deputado federal José Janene (PP), morto em 2010, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor Paulo Roberto Costa como operadores do esquema na Diretoria de Abastecimento. O ex-diretor Renato Duque e o ex-gerente Pedro Barusco seriam operadores na Diretoria de Serviços.

A primeira obra citada é de 2009. De acordo com Júlio Camargo, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e o ex-diretor Renato Duque teriam cobrado R$ 12 milhões depois que o Consórcio Interpar – formado pelas empresas Sog, Mendes Junior e MPE – fechou um contrato para a construção da unidade de coque da refinaria.

Já o executivo Augusto Mendonça afirmou que, "após duras negociações", foram pagos R$ 20 milhões em propina para os operadores do esquema pela mesma obra na Repar.

Julio Camargo também falou sobre a construção da unidade de recuperação de enxofre, retificação de águas ácidas, tratamento de gás residual e das subestações da refinaria paranaense. A obra, que custou R$ 2,4 bilhões, resultou em um pagamento de R$ 12 milhões para Duque e Barusco.

Consequências

Segundo o executivo Augusto Mendonça, "ou pagava [propina] ou a consequência era grande". Mendonça disse que os valores referentes à propina eram divididos em parcelas iguais, pagas bimestralmente. Ele confirmou que os valores foram pagos mediante transferências para a MO Consultoria, a Empreiteira Rigidez e a RCI – empresas controladas por Youssef.

De acordo com Júlio Camargo, os valores foram pagos por transferências realizadas por ele mesmo no exterior. O dinheiro teria saído de contas do executivo no Uruguai e na Suíça.

Camargo detalhou que pagava a propina com o dinheiro ganho através de comissões por contratos firmados. A comissão saía das contas dos consórcios para as contas das empresas Treviso, Piemonte e Auguri. Em seguida os valores eram enviados ao Uruguai e à Suíça de forma oficial, como investimentos no exterior.

Em relação aos pagamentos a Youssef, Camargo afirmou que o dinheiro era depositado em contas na China e em Hong Kong, controladas pelo doleiro.

O executivo da Toyo Setal também afirmou que Youssef fazia a intermediação quando a Diretoria de Engenharia exigia pagamento em espécie. Nesse caso, o dinheiro era depositado em contas no exterior controladas por Youssef, que entregava a quantia em reais no Brasil a Camargo, para que ele repassasse os valores para o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco.

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