A lavanderia à disposição do doleiro Alberto Youssef pode ser ainda mais ampla do que a revelada até agora nas investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF). Duas das empresas de fachada identificadas por lavar dinheiro de origem ilícita através de importações fraudulentas, a Labogen e a Piroquímica, são mantenedoras de uma ONG religiosa, a Missão Eclesiástica Brasileira (MEB).
Criada em 1998 em Guarulhos (SP), a organização é presidida pelo pastor Eliseu Ribeiro da Silva e tem como vice-presidente Leonardo Meirelles, apontado pela PF como um dos principais laranjas do doleiro. A tesouraria é ocupada por Esdra de Arantes Ferreira, que conheceu Meirelles quando trabalhava como frentista em um posto de combustíveis e foi transformado em sócio da Labogen e da Piroquímica.
A terceira mantenedora da MEB é a igreja criada pelo pastor Eliseu, a Igreja Presbiteriana Avivada de Guarulhos. É nela que Eliseu Ribeiro comanda cultos e arrebanha fiéis. Tanto a ONG quanto a igreja estão em expansão. A ONG anuncia em seu site que está presente em Londrina (PR), Iporanga (SP), Humaitá (AM) e Huancayo (Peru).
A MEB diz que foi constituída como entidade sem fins lucrativos para "realizar ações comunitárias em prol da sociedade". No papel, sua atuação é ampla e vai desde a promoção do "bem de todos" à assistência à criança carente e à manutenção de estabelecimentos de ensino. Abrange também ações de "amparo ao idoso", manutenção de hospitais e reabilitação de dependentes químicos e moradores de rua.
No cadastro da Receita Federal, o endereço da MEB é um prédio de três andares na Rua Guaíra, em Guarulhos. Segundo um rapaz que trabalha no local, o prédio é dividido por duas residências e um escritório. "O escritório é da Receita Federal", disse ele quando perguntado se o escritório pertence ao pastor. A Receita Federal de Guarulhos negou qualquer relação com o endereço mencionado.
Em Londrina, cidade de Youssef, o elo com a igreja é o pastor Márcio Borges Ribeiro. À frente de uma clínica de recuperação de dependentes químicos chamada Revide, o pastor prepara a entidade para disputar verbas do programa federal Brasil contra o Crack. A intenção está registrada em ata. No entanto, até agora a clínica não firmou convênio com o governo federal.
