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A guerra na Favela da Rocinha se agravou na madrugada do dia 9 de abril de 2004, uma Sexta-feira Santa, quando, numa ação violenta, cerca de 60 traficantes do Morro do Vidigal bloquearam um trecho da Avenida Niemeyer, por volta de 1h da manhã.

Vestido de preto e usando coletes à prova de balas, o bando parou motoristas para roubar os carros. A mineira Telma Veloso Pinto, de 38 anos, tentou desviar, foi baleada na cabeça e morreu na hora. Os traficantes seguiram para a Rocinha, invadiram a favela - onde tentam dominar as bocas-de-fumo - e assassinaram outras duas pessoas. A madrugada foi de terror. A Niemeyer ficou fechada por sete horas; o Túnel Zuzu Angel, por mais de três.

Na Rocinha, os invasores assassinaram outras duas pessoas. Com a guerra do tráfico, 1.200 PMs ocuparam a Rocinha e o Vidigal. Em apenas duas semanas, 12 pessoas foram mortas e em oito meses o número de vítimas chegou a 27.

Na manhã seguinte, a polícia começou a operação para tentar dar fim à guerra. Mas à noite o tiroteio recomeçou; os moradores que chegavam à Rocinha não podiam subir. Um tenente e um soldado do Bope morreram em troca de tiros com traficantes. O bando que tenta invadir a Rocinha era comandado por Eudásio Eduíno Araújo, o Dudu, que tinha apoio de traficantes do Vidigal, de Vigário Geral, do Borel, do Andaraí, do Jacarezinho e do Complexo do Alemão.

O objetivo era combater Luciano Barbosa da Silva, o Lulu, que estava à frente da venda de drogas na Rocinha, considerado pelo tráfico um dos mais lucrativos do Rio. Com o esquema, estima-se qie a favela movimentava 500 quilos de cocaína por mês e R$ 10 milhões por semana. A polícia ocupou o morro e iniciou uma caçada a Dudu, oferecendo R$ 50 mil de recompensa por informações que levassem ao bandido. Cinco dias após a tentativa de invasão, Lulu foi morto pela polícia no alto da Rocinha.

Nem mesmo a prisão de Dudu, em 31 de dezembro em Saquarema, na Região dos Lagos, acalmou os ânimos. Para se fortalecer contra novas invasões, os bandidos da Rocinha se aliaram a outra facção criminosa. Até então as duas favelas eram do mesmo comando. Desde a tentativa de invasão, a quadrilha da Rocinha vem tentando a revanche. Parte do Vidigal chegou a se dominada em 2004, mas foi logo retomada pelos antigos chefes do tráfico.

Várias outras tentativas de invasão ocorreram ao longo de 2005 deixando mortos e feridos. A última vítima da guerra, o cabo do Exército Paulo Roberto Cavalcante de Carvalho, 34 anos, morreu nesta terça-feira após levar um tiro no alto do Morro do Vidigal. O cabo, do Esquadrão Blindado, foi atingido durante uma operação realizada em conjunto por militares do Exército e PMs.

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