Por que o senhor revogou o decreto?
Para dar um bom exemplo. Já que estamos cortando todos os gastos supérfluos da Casa, achei que era a melhor medida, pois mantém minha autoridade para continuar o trabalho de saneamento do legislativo.
Mas até terça-feira o senhor pretendia manter o decreto e, antes, estendê-lo aos demais membros da Mesa...
Mas eu revoguei tudo. Por isso veio a público. Por duas razões: porque não achava justo eu receber e o primeiro-secretário não receber, porque ele trabalha tanto quanto eu ou até mais. Como ele não poderia legalmente receber, eu revoguei a minha [verba de representação] para que nosso tratamento fosse igual.
Isso não mancha o trabalho de moralização que o senhor estava fazendo na Assembleia?
Poderia me tirar autoridade, e ela não tem preço. No final deste mês devemos tomar medidas duras novamente e eu preferi cortar na própria carne para mostrar que as mudanças são para valer.
O senhor teme reação negativa dos deputados e funcionários?
Nenhuma. Não estou fazendo nada irregular. Tudo que estava sendo feito [o pagamento da verba de representação] estava dentro da lei.
Mas o benefício extrapolava o teto do funcionalismo público. O senhor não concorda que isso é ilegal?
É uma verba de representação que o governador e o presidente do Tribunal de Justiça também têm. Não fui eu que inventei a verba de representação. Mas, como a gente está querendo ser perfeito na direção da Assembleia, eu resolvi dar o exemplo.
O presidente da Assembleia precisa de uma remuneração extra?
O presidente precisa se desdobrar, estar em muitos lugares representado o Legislativo. Precisa viajar, participar de eventos. Sem querer justificar nada, hoje mesmo [ontem] eu trabalhei até as 14 horas supervisionando as reformas na Assembleia. Não vou fazer a defesa porque eu já revoguei. Para mim, isso já é passado. (SM)



