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Imbróglio dos grampos

Escutas achadas na Alep não eram as de licitação, diz relatório

Empresa que fez varredura na Assembleia informa que o material de monitoramento encontrado no prédio do Legislativo era ilegal e diferente do que foi comprado pela Casa

Veja o que foi encontrado durante a varredura na Assembleia |
Veja o que foi encontrado durante a varredura na Assembleia (Foto: )

A empresa de segurança Embrasil – contratada no início do mês pela atual administração da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) para fazer uma varredura contra grampos – afirma que não encontrou nenhum dos equipamentos para bloqueio de sinal de celulares e para detecção de escutas licitados e comprados pela Casa no ano passado. A Embrasil também reafirma que os equipamentos eletrônicos encontrados na sede do Legislativo, que supostamente poderiam fazer escuta ambiental, são ilegais. As conclusões fazem parte de um relatório entregue ontem pela empresa à primeira-secretaria da Assembleia.

Três aparelhos que, segundo a Embrasil eram destinados a fazer escuta ambiental, foram achados em duas salas de reunião da presidência e na primeira-secretaria logo após a posse de Valdir Rossoni (PSDB) como presidente da Assembleia, no início do mês. Um grampo também foi achado num aparelho telefônico usado pelo presidente numa sala anexa ao plenário do Legislativo.

O relatório da Embrasil veio a público um dia após a divulgação de que o Legislativo havia feito no ano passado, ainda durante a gestão de Nelson Justus (DEM), uma licitação para a compra de equipamentos de bloqueio de sinal de celular e de aparelhos de detecção de grampo. A Embrasil, no entanto, informou ontem que não há a mínima chance de os equipamentos encontrados serem legais ou comprados por meio de licitação.

O primeiro indício de ilegalidade, de acordo com os peritos da empresa, seria a maneira "artesanal" com que os equipamentos foram montados. "Não eram aparelhos feitos por uma empresa, e sim de maneira improvisada", afirma Jeferson Nazário, sócio da Embrasil. Outro problema seria a falta de selo de homologação da Agência Nacional de Telecomu­­­nicações (Anatel), que seria obrigatório neste caso.

"Os equipamentos [encontrados] também não tinham placa patrimonial da Assembleia nem a homologação internacional necessária", afirma o perito em contrainformação Antônio Carlos Walger, da Embrasil. Os técnicos também ressaltam que os aparelhos estavam colocados em locais escondidos, o que também indicaria ilegalidade.

A licitação para a compra dos aparelhos antiespionagem foi realizada em 2010 e previa a entrega de quatro itens. Três deles são aparelhos simples destinados à detecção de sinais de celular, rádio ou chips que possam fazer monitoramento ilegal dentro do Legislativo. O quarto aparelho, mais caro, de R$ 24,2 mil, serviria para bloquear celulares durante reuniões de deputados.

A empresa vencedora da licitação foi a Menestrina Cia e Ltda., que usa como nome fantasia AJL Informática. Marcos Aurélio Menestrina, responsável pela empresa, afirmou na segunda-feira que entregou os equipamentos licitados, embora não tenha sido responsável pela instalação. A atual direção da Assembleia, porém, diz que não sabe onde estariam os aparelhos licitados, que no total custaram R$ 29,5 mil.

Depois da descoberta dos equi­­pamentos, a Assembleia decidiu abrir uma CPI da Escuta, proposta pelo deputado Marcelo Rangel (PPS). Um inquérito policial também foi aberto e está sob responsabilidade do delegado Alexandre Macorin, do Centro de Operações Especiais da Polícia Civil (Cope).

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