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Mobilização social

Paraná sai às ruas para pedir o fim da corrupção

Movimento pela transparência no poder público realiza na próxima terça-feira protestos em nove cidades do estado

Na próxima terça-feira, o movimento "O Paraná que Queremos" reunirá, em oito cidades do estado, paranaenses de diversos segmentos da sociedade para protestar contra a corrupção e por mais transparência na administração pública.

Até agora, a causa conta com o apoio de 406 entidades, 773 em­­­presas e 18.952 pessoas. O movimento, encabeçado pela seccional paranaense da Ordem dos Advo­­­gados do Brasil (OAB-PR), foi motivado pela série de denúncias apresentadas pela Gazeta do Povo e RPC TV sobre as irregularidades en­­volvendo a Assembleia Legis­­­lativa do Paraná.

Na lista de apoiadores da campanha "O Paraná que Queremos" estão sindicatos de trabalhadores, representantes do empresariado, a classe estudantil, associações de bairros e instituições religiosas.

No entendimento do cientista político Adriano Codato, da Uni­­ver­­­sidade Federal do Paraná (UFPR), o movimento consegue reunir tantos segmentos sociais por defender uma causa ampla e considerada justa. "Quanto mais genérica e mais justa a causa, mais fácil congregar muita gente, o que é importante", diz Codato.

Na avaliação dele, grandes mobilizações que ganham as ruas têm ainda mais importância por serem cada vez mais raras. "Quan­­to mais gente está presente em protestos como esse, mais significativos eles são. Ainda mais porque eles acontecem cada vez menos. Então, quando ocorrem, é um sinal de que a situação está difícil para eles [os políticos]", afirma o cientista político.

Boca Maldita

A mobilização da terça-feira será feita simultaneamente em pelo menos oito cidades do estado (veja mais no quadro abaixo). Na capital, o evento será realizado na Boca Maldita, centro da cidade.

Tradicional reduto de manifestações e discussões políticas, o local já serviu de palco para grandes manifestações por causas que marcaram a história política brasileira. Em 1984, a Boca Maldita recebeu o primeiro comício da campanha das Diretas Já. Na ocasião, cerca de 50 mil pessoas estiveram no calçadão para pedir a volta das eleições diretas para presidente no país.

Em 1992, a Boca voltou a ser cenário de mobilização por uma causa nacional. Dessa vez, os caras-pintadas tomaram esse pedaço do calçadão da Rua XV para pedir o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello.

Na manifestação de terça-feira, os paranaenses vão às ruas por uma causa estadual. "Essa é uma resposta positiva da sociedade paranaense às denúncias que envolvem a Assembleia. Acredito que grandes mudanças para o estado e para o país começam assim", diz o presidente da União Para­­­naense dos Estudantes (UPE), Pau­­­lo Moreira Júnior.

A UPE está entre as instituições que apoiam movimento "O Paraná que Queremos" e esteve desde o início envolvida nos protestos contra a série de irregularidades envolvendo o Legislativo estadual. Para chamar os estudantes para a manifestação, diversos centros acadêmicos estão divulgando o evento entre os estudantes.

Já sindicalistas ligados à Força Sindical, à União Geral dos Traba­­­lhadores (UGT), ao Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba e à Federação dos Metalúrgicos do Paraná estão convocando trabalhadores para o protesto. "Estamos mostrando para o cidadão que aquilo [as irregularidades na Assembleia] faz parte da vida dele. É o imposto dele que está sendo desviado; é a educação, a saúde que fica com menos dinheiro", co­­­­menta o presidente da UGT, Mar­­­celo Urbaneja.

O movimento também conta com o apoio de artistas paranaenses. A banda de rock Blindagem, por exemplo, confirmou presença como uma das atrações musicais para atrair pessoas à manifestação. O guitarrista da banda, Alberto Rodrigues, aposta que o movimento "O Paraná que Queremos" terá reflexos no futuro. "Daqui a dez anos, a gente espera que [a política] seja diferente, que ter um estado completamente transparente seja normal", diz ele.

O presidente da Associação dos Amigos do Bairro São Lourenço, Cezar Paes Lemos, também vê o movimento como uma iniciativa com reflexos nos próximos anos. "Espero que desperte uma consciência cidadã maior, que as pessoas entendam a situação de agora e que isso ajude a formar uma massa crítica para o futuro."

Veja imagens dos grandes movimentos "Caras-pintada" e "Diretas já"

Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.

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