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Depois de ter divulgado na quinta-feira uma carta aberta em que criticava a possibilidade de o Ministério Público do Paraná participar da sindicância interna da Assembleia Legislativa, o promotor Fuad Faraj elevou o tom ontem e disse haver uma rede de interesses envolvendo diversos órgãos públicos do Paraná.

Segundo ele, essa rede é formada por integrantes do Ministério Público do Paraná, do Tribunal de Contas do Estado (TC), da Assembleia, do Tribunal de Justiça e de setores da imprensa paranaense. As declarações de Faraj foram feitas durante entrevista ao telejornal Paraná TV 1.ª edição, da RPCTV.

Ele não citou nomes de pessoas que fariam parte dessa rede. Mas disse que ela pode colocar em xeque a isenção da investigação própria do MP sobre a Assembleia . "A investigação do MP tem de ser feita independentemente de relações que possam existir com a Assembleia ou com qualquer um de seus integrantes. O MP precisa manter total isenção nesse caso", disse.

"Existem correntes de solidariedade que precisam ser definitivamente arrebentadas pelo MP. E o que o nosso deputado presidente da Assembleia [Nelson Justus] veio propor para o MP [a participação na sindicância interna do Legislativo] é uma espécie de ação entre amigos. Nos mesmos moldes da que foi implantada na Assembleia e que redundou nesse espetáculo de fantasmagoria que estamos assistindo", afirmou Faraj, fazendo alusão à existência de servidores fantasmas na Casa.

Na opinião do promotor, a descoberta do suposto esquema de desvio de dinheiro dentro da Assembleia do Paraná era um trabalho que já deveria ter sido feito pelo MP. Fuad sustenta que as denúncias contrariam muitos interesses e acredita ser impossível que o esquema fraudulento passasse desapercebido das autoridades.

"São pessoas de todos esses poderes que, indireta ou diretamente estão envolvidos nessa história por ação ou por omissão. Porque é impossível que tamanho descalabro administrativo tenha ocorrido sob o nariz de tanta gente e ninguém tenha falado até agora absolutamente nada. É obvio que há interesse de várias pessoas em jogo".

Para o promotor, é "extremamente conveniente que haja uma força tarefa da Polícia Federal e da Procuradoria da República" na apuração do caso. A PF e o Ministério Público Federal são órgãos ligados à União e não aos poderes estaduais – o que, na opinião de Faraj, garantiria uma maior isenção das investigações. A PF abriu inquérito nesta semana para apurar crimes federais supostamente cometidos dentro da Assembleia.

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