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Em carta, presidente italiano apela a Dilma

O Palácio do Planalto confirmou que o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, enviou uma carta para a presidente Dilma Rousseff insistindo na extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti.

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Procurações eram falsas, afirma defesa

O principal argumento de Cesare Battisti contra suas condenações é de que ele não teve chance de se defender de maneira apropriada. O italiano fugiu em 1981, quando cumpria pena de 12 anos por participação em grupos de luta armada. Os processos que o condenaram à prisão perpétua são do fim dos anos 80.

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Milão - Um dos responsáveis por conduzir os processos contra as pessoas que participaram da luta armada nos anos 70 e 80 na Itália, o procurador da República Armando Spataro, 62 anos, se diz indignado com a situação atual de Cesare Battisti. O ex-ativista italiano, que está detido no Brasil desde 2007, foi condenado à prisão perpétua pela participação em quatro homicídios. Porém nunca cumpriu a pena, pois está foragido há 30 anos. Para Spataro, que atua no Ministério Público de Milão, a decisão do governo brasileiro de não extraditar Battisti é uma "grande ofensa" para a Itália.

Nessa entrevista concedida à Gazeta do Povo, por telefone, o procurador conta que sente "muita raiva" com a situação atual de Battisti. Ele não foi entregue ao governo italiano porque o ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva entendeu que Battisti poderia ser perseguido e sofrer discriminação, dada a comoção que o caso ainda suscita em sua terra natal.

Já se passaram quase 30 anos das condenações de Cesare Battisti pela Justiça italiana. Mas ele continua a argumentar que o processo não foi conduzido de forma justa e que não teve direito a ampla defesa. Quando essa história vai acabar?

Essa história já está encerrada. As afirmações que Battisti continua a fazer apenas mostram que ele é um criminoso, um assassino sem nenhum sentimento de arrependimento moral, da pior espécie. Não foi apenas a Justiça italiana que o condenou. A Corte Europeia, que trata do respeito aos direitos humanos, referendou essa decisão. E temos que ter em mente que ele só não se defendeu do jeito que quis porque ele tinha fugido da prisão. E a fuga foi uma escolha dele.

Mas a defesa de Battisti alega que os advogados que o representaram o fizeram por meio de procurações falsas, e que eles não fizeram uma defesa apropriada, contribuindo para que ele fosse condenado à prisão perpétua na Itália.

As cartas enviadas por Battisti aos seus advogados foram analisadas. Quem diz outra coisa fala uma gran­­­de bobagem. Não vou me alongar sobre um assunto desse tipo.

Os defensores de Battisti alegam que há muitos outros italianos morando em outros países, como a França, sem que se dê importância para o tema. Uma dessas pessoas que teve o pedido de extradição negado é Marina Petrella, condenada à prisão perpétua por homicídio e pelo sequestro do ex-presidente Aldo Moro, que foi mor­­­­to pelo grupo Brigadas Vermelhas.

Eu sou um magistrado, não um político. Essa pergunta deve ser feita aos governantes e aos políticos. Particularmente, acho o caso Petrella muito grave.

O sr. acredita que o Supremo Tribunal Federal (STF) pode reformar a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

Não conheço em detalhes o sistema jurídico brasileiro, então não posso opinar sobre isso.

Mas o que achou de Lula negar a extradição?

As razões e a decisão de não conceder a extradição de Battisti ofendem nosso sistema jurídico e legal e a memória das vítimas do terrorismo. Essa decisão não é compatível com os direitos humanos internacionais nem com o tratado bilateral assinado entre Itália e Brasil.

Como o sr. se sente com essa situa­­ção?

Tenho raiva e me ofendo com todas as mentiras contadas. Tive muitos colegas que, por estarem do lado da lei, foram mortos por assassinos como Battisti. E me solidarizo com as famílias das vítimas do terrorismo.

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