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A Secretaria de Justiça do estado de São Paulo deixou para protocolar no início da próxima semana o recurso contra a decisão do juiz Trazíbolo José Ferreira da Silva, da Vara de Execuções da Infância e Juventude de São Paulo, de enviar o jovem Roberto Aparecido Alves Cardoso, o Champinha, de 20 anos, para a Unidade Experimental de Saúde da Fundação Casa (antiga Febem), localizada na Vila Maria, Zona Norte de São Paulo.

A Secretaria de Justiça quer que Champinha seja encaminhado para a Casa de Custódia de Taubaté (a 130 km de São Paulo) alegando que o local poderia oferecer tratamento psiquiátrico adequado ao jovem, que fugiu da unidade da Vila Maria na quarta-feira (2).

No fim da tarde de quinta-feira (3), o juiz Trazíbolo José Ferreira da Silva negou o pedido do governo do Estado de São Paulo de enviar Champinha para a Casa de Custódia de Taubaté.

O jovem foi encaminhado então, como o Ministério Público Estadual havia solicitado, para a Unidade Experimental de Saúde da Fundação Casa ainda na noite da quinta.

A Fundação Casa e a Secretaria de Justiça prometeram, no entanto, recorrer da decisão no Tribunal de Justiça de São Paulo.

Na manhã desta sexta-feira (4), o secretário de Justiça de São Paulo, Luiz Antônio Marrey, vistoriou a unidade e considerou adeqüadas as medidas emergenciais tomadas pela fundação para abrigar Champinha no local. Seis funcionários estão cuidando da segurança no local.

Champinha ficou conhecido após ser internado na Febem pelo assassinato da adolescente Liana Friedenbach, de 16 anos, e pelo planejamento da morte do namorado da jovem, Felipe Silva Caffé, de 19 anos. O crime ocorreu em 2003 na cidade de Embu-Guaçu, na Grande São Paulo.

Unidade experimental

A Unidade Experimental de Saúde da Fundação Casa fica quase em frente ao complexo de onde Champinha fugiu na noite de quarta-feira (2). Apenas Champinha, por enquanto está abrigado na unidade, que possui cinco pequenas casas com quartos e banheiros. Nas salas da parte administrativa há poucos móveis.

A unidade foi inaugurada em 18 de dezembro, mas não havia entrado em funcionamento. O governo estadual gastou mais de R$ 2,5 milhões na construção do local, destinado a abrigar adolescentes com problemas psicológicos.

Champinha foi internado em 2003 pelo assassinato do casal. No final do ano passado, venceu o prazo legal de internação do rapaz – fixado em até três anos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Naquela data, o governo sugeriu a transferência do interno para a Casa de Custódia do Tatuapé. O pedido foi negado pela Vara de Execuções da Infância e da Juventude. Quando cometeu o crime, Champinha tinha 16 anos.

'Houve um descuido'

A presidente da Fundação Casa, Berenice Gianella também defendeu a transferência de Champinha para a Casa de Custódia de Taubaté, que para ela "é o local mais seguro".

Sobre a fuga, Berenice afirmou que "houve um descuido, se é que não houve facilitação dolosa da fuga. Estamos apurando." Segundo ela, os 19 funcionários e o diretor da unidade afastados por causa do episódio serão ouvidos durante todo o dia. A unidade onde Champinha estava internado tem capacidade para abrigar 90 infratores, mas, no momento, tem 200.

Família

A família de Champinha teve papel decisivo na captura do rapaz. Segundo o tenente Marcelo Alves da Silva, que comandou a operação em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, um irmão do jovem fugitivo indicou à polícia o local para onde Champinha foi após fugir da unidade de Vila Maria da Fundação Casa, na Zona Norte da capital paulista.

Durante a ligação, Champinha teria indicado o endereço da casa onde estava escondido, pertencente a uma tia de criação do adolescente R.A., de 17 anos, com quem Champinha havia fugido. Eles disseram à polícia que foram até a casa da tia de metrô e ônibus.

Com a localização da residência nas mãos, uma equipe de 24 policiais se deslocou até o endereço. O grupo cercou a casa e surpreendeu Champinha e seu companheiro também fugitivo.

Ainda de acordo com o tenente, Champinha não disse nada e nem reagiu à prisão. "Ele se mostrou surpreso. Na realidade, esperava conseguir a fuga", disse o tenente, completando que na hora que a polícia invadiu o imóvel, o rapaz estava vestido com uma calça larga e camisa laranja, e se preparava para escapar com o amigo.

Além dos dois procurados pela polícia foram levados para interrogatório a dona da casa, um jovem de 18 anos, outro de 22 e mais um adolescente de 15 anos. Champinha permaneceu na Unidade de Atendimento Inicial (UAI) do Brás, região central de São Paulo, até ser transferido para a nova unidade da Vila Maria.

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