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Investigação

Ex-diretor da Petrobras diz que PT, PP e PMDB receberam de esquema

Paulo Roberto Costa detalhou o pagamento de propina que teria beneficiado campanhas em 2010, segundo advogado

PF escoltou os acusados até a sede da Justiça Federal em Curitiba | André Rodrigues/ Gazeta do Povo
PF escoltou os acusados até a sede da Justiça Federal em Curitiba (Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo)

O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa abriram o jogo ontem ao prestarem depoimento na sede da Justiça Federal, em Curitiba. Durante o interrogatório, eles detalharam o pagamento de propina em contratos envolvendo a Petrobras a três partidos políticos: PT, PMDB e PP. Conforme o advogado de Youssef, Antônio Figueiredo Basto, Costa confirmou que o dinheiro beneficiou diversas campanhas políticas em 2010.

Segundo fontes ouvidas, o intermediador do esquema no PT seria o tesoureiro da sigla, João Vaccari Neto. No PMDB, a função ficaria a cargo do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. No PP, Youssef seria o responsável direto por fazer o direcionamento da verba. Os recursos eram distribuídos em espécie. A reportagem não conseguiu localizar os citados.

Depoimentos

"Eles declinaram a versão deles sobre um grande esquema dentro da Petrobras com participação de pessoas jurídicas e, principalmente, de agentes políticos", disse Basto. Conforme o advogado, os acusados não citaram nomes por determinação do juiz Sergio Moro, responsável pelo caso, já que ocupantes de cargos eletivos têm direito a foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal. "Não se pode dizer o nome do chefe [da quadrilha] porque o juiz não permitiu."

Os réus afirmaram ainda que haveria outros diretores da Petrobras participando do esquema: Nestor Cerveró (Internacional), Renato Duque (Engenharia e Serviços) e José Zelada (Internacional) que, assim como Costa, operariam o esquema a mando de agentes políticos com a colaboração de Youssef. Eles também citaram nomes de novos doleiros e empreiteiras. "O meu cliente [Youssef] não era o chefe dessa quadrilha, era um operador", disse Basto.

Segundo a investigação da operação Lava Jato – conduzida pelo MPF e pela Polícia Federal (PF) –, a Petrobras contrataria prestadoras de serviços com contratos superfaturados. Parte do dinheiro seria repassado a partidos políticos, deputados, governadores, senadores e diretores da estatal. Segundo Basto, os depoentes confirmaram integralmente a denúncia.

Costa teria detalhado também que a propina correspondia a 3% do valor líquido de contratos da Petrobras, que eram divididos entre partidos políticos. Afirmou também que o consórcio Camargo Corrêa teria pago propina para ganhar obras da estatal.

Outros braços

No depoimento, conforme Basto, Costa teria confirmado também que recebeu pessoalmente R$ 500 mil do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que é ligado ao PMDB. O ex-diretor também teria citado o nome de José Eduardo Dutra, atual diretor da Petrobras e ex-presidente da BR Distribuidora, como suposto participante dos esquemas. Dutra já foi presidente do PP.

Conforme o advogado Ha­­roldo Nater, o ex-diretor também confirmou o recebimento de dinheiro da Odebrecht e citou o nome do executivo Márcio Farias como sendo seu contato, mas não citou valores. Nater defende outros réus no processo, entre eles Leonardo Meirelles, apontado como laranja de Youssef no Labogen, laboratório que seria usado para lavar dinheiro. O advogado também participou da audiência. Já o advogado de Costa, João Mestieri, negou que o ex-diretor tenha citado políticos e empreiteiras.

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