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Othon Luiz Pinheiro da Silva foi preso pela Lava Jato. | Antonio Cruz/ABr
Othon Luiz Pinheiro da Silva foi preso pela Lava Jato.| Foto: Antonio Cruz/ABr

O ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso no último dia 28 na Operação Lava Jato, resistiu à prisão, ameaçou que “meteria bala” caso os policiais federais arrombassem a porta do quarto onde estava trancado e “partiu para cima” de um agente federal depois que o delegado da PF, responsável pelo cumprimento do mandado de prisão, deu dois chutes na porta para forçá-lo a abrir. Diante da situação, teve de ser imobilizado e algemado.

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Vice-almirante da Marinha, Othon Silva estava dormindo quando a PF chegou na casa dele, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O delegado pediu para que a empregada da casa fosse avisá-lo sobre o mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça Federal do Paraná. Muito irritado, Silva, ainda trancado no quarto, teria gritado ser um vice-almirante da Marinha e que exigia ser tratado com respeito. Em seguida, ameaçou os policiais e, ao abrir a porta, atacou um deles.

“Mesmo imobilizado algemado, senhor Othon Luiz Pinheiro da Silva continuou inquieto, gritando que não podíamos agir daquela forma, que ele é um vice-almirante da Marinha e que deveria haver no mínimo um vice-almirante da Marinha no local”.

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Só depois de ser tranquilizado pelo delegado federal, o ex-presidente da Eletronuclear pode ficar sem as algemas e indicou, a pedido dos policiais, onde estavam suas armas. Foram localizadas várias. Uma pistola ponto 40 e um revólver calibre 38 foram deixados no local, pois tinham registro. Foram encontrados ainda um revólver Colt 357, uma Pistola Glock, calibre 9mm, um Taurus 38 e uma pistola Bayard, calibre 6.35 – os dois primeiros sem registro e os dois últimos, segundo Othon Silva, teriam pertencido a um cunhado já falecido.

Segundo a PF, havia vasta quantidade de documentos da Eletronuclear na casa dele, além de contratos envolvendo empresas e informações referentes à Operação Lava Jato. No escritório dele também havia 45 mil em dinheiro, parte acondicionado numa mala, que Othon Silva diz ser para emergências e para pagamento de funcionários da casa. O dinheiro foi mantido no local, uma vez que a Justiça solicitou a apreensão apenas de valores superiores a R$ 100 mil.

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Nesta quinta-feira (6), o juiz Sergio Moro transformou a prisão temporária de Silva em prisão preventiva depois de serem encontradas provas de que ele teria recebido propina de contratos fechados pela Eletronuclear.

Ao decretar a preventiva, Moro ressaltou que a Aratec, empresa do vice-almirante da Marinha, triplicou seu faturamento depois da retomada das obras de Angra III. O faturamento da empresa saltou de R$ 396,9 mil em 2009 para R$ 1,581 milhão em 2010, mantendo se acima de R$ 1 milhão nos três anos seguintes.

Silva havia justificado que os recebimentos tinham sido por serviços prestados pela filha dele, Ana Cristina Toniolo, que é engenheira e também tradutora de documentos técnicos da área de engenharia.

A defesa de Ana Cristina apresentou como comprovação de serviços prestados um texto sobre processos de produção de combustíveis. Para Moro, o texto é “mera reprodução de artigo que pode ser encontrado na rede mundial de computadores” e foi apresentado no 2º Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo e Gás, “sem qualquer relação o texto original com a Aratec, Othon Luiz ou Ana Cristina”.

O juiz afirmou que a CG Consultoria, que foi a principal pagadora da Aratec entre 2007 e 2014 – pagou R$ 2.699.730,00 de um total de R$ 4.692.346,92 – não tem funcionários e já apareceu na Operação Lava Jato como mera fornecedora de notas. O delator da Lava Jato Augusto Mendonça Neto afirmou que já havia comprado notas fiscais e firmado contrato falso com a CG para gerar dinheiro em espécie. Moro ressaltou que a empresa apenas repassou valores que tinham sido depositados pela Andrade Gutierrez.

Moro também concluiu que outra depositante da Aratec, a JNobre, também repassou propina. O dono da empresa disse em depoimento que o dinheiro que recebeu da Andrade Gutuierrez – depois repassado à Aratec – não tinha nada a ver com a usina de Angra III. O juiz observou que, nas notas fiscais da empreiteira, os serviços foram lançados como relacionados à Angra III. “Isso significa que, aparentemente, Josue Augusto Nobre mentiu em seu depoimento”, afirmou Moro.

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