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A ex-mulher do deputado federal José Dirceu (PT-SP), a psicóloga Maria Ângela Saragoça, informou, por meio de nota oficial divulgada na página do PT na internet, que foi apresentada ao empresário Marcos Valério pelo ex-secretário nacional do partido Sílvio Pereira, que considera um amigo. Valério é acusado de ser o operador do mensalão e Pereira foi afastado do cargo sob suspeita de envolvimento no esquema. Ângela disse que o publicitário se pôs à disposição para ajudá-la a conseguir um emprego. Em novembro de 2003, foi admitida, após uma entrevista, no departamento de Recursos Humanos do Banco BMG. A ex-mulher de Dirceu disse ainda que obteve um empréstimo de R$ 42 mil no Banco Rural para comprar um novo apartamento. O empréstimo foi também uma indicação de Valério.

Ela destacou que Dirceu não tinha conhecimento da negociação para a compra do apartamento. Afirmou que procurou o ex-marido para conseguir ajuda financeira, mas Dirceu teria dito que não tinha condições. Maria Ângela alega que só soube recentemente que o comprador de seu antigo apartamento, Rogério Tolentino, é advogado e sócio de Marcos Valério. Ela diz ter sido enganada pelo publicitário. "Agora me dou conta que fui usada por este senhor, que tinha interesses próprios e provavelmente visava comprometer o ex-ministro José Dirceu.", diz na nota.

Em nota divulgada mais cedo nesta segunda-feira, o Banco Rural confirma que Maria Ângela Saragoza pegou empréstimo na instituição, mas nega que o valor tenha sido de R$ 200 mil e informa que foi uma operação de crédito imobiliário normal e legal. O crédito, segundo o banco, foi de R$ 42 mil, divididos em 36 parcelas que vêm sendo pagas em dia. Ainda de acordo com a nota, a operação foi feita em 28 de dezembro de 2003 com juros de mercado, como manda o Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Segundo o banco, o valor foi pago diretamente ao proprietário do imóvel e a operação não precisa de aval, já que o próprio imóvel funciona como garantia.

Na edição desta segunda-feira, o jornal "Correio Braziliense" informara que Marcos Valério teria dito que ajudou Dirceu, em 2003, a conseguir um empréstimo pessoal no banco Rural. O empréstimo em favor da ex-mulher de Dirceu seria de R$ 200 mil, segundo a reportagem, e teria servido para compra de um apartamento para ela na região do Jardim Paulista, em São Paulo.

Ainda de acordo com o Correio Braziliense, Valério teria ajudado Dirceu também a arrumar um emprego para a ex-mulher no banco BMG. O emprego foi solicitado à direção do BMG e Ângela foi empregada na única agência do banco na cidade de São Paulo (Alameda Santos, 2.335, perto da Avenida Paulista). Segundo o jornal, as informações foram reunidas pelos advogados de Valério.

Nesta terça-feira, José Dirceu depõe como testemunha ao Conselho de Ética da Câmara, no processo movido contra o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) por quebra de decoro parlamentar. Em reportagem na edição desta semana, a revista "Veja" informa que um documento apreendido pela Polícia Federal numa agência do Banco Rural lista o nome de um amigo e assessor informal de Dirceu como autorizado a sacar um cheque de R$ 50 mil da empresa SMP&B Comunicação, de Valério. A autorização é para Roberto Marques, mesmo nome do amigo do ex-ministro conhecido como Bob. No documento, no entanto, não há o número da carteira de identidade do autorizado a fazer o saque. Simone Vasconcelos, gerente da SMP&B, confirmou no domingo, em nota da assessoria de Valério à imprensa, ter autorizado Roberto Marques a fazer o saque na conta da agência. Dirceu se diz vítima de uma armação e alega que o Roberto Marques em questão não é o amigo dele.

Outra acusação contra o ex-ministro é de que ele sabia dos empréstimos contraídos por Marcos Valério para o PT. Em sua edição de domingo, o jornal 'O Estado de Minas' informou que Valério teria provas disso. Segundo a reportagem, era por intermédio do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares que Valério agendava encontro de empresários com Dirceu. A assessoria do ex-chefe da Casa Civil informou que todos os esclarecimentos serão dados por ele no depoimento na Câmara. Também nesta terça a CPI dos Correios vota requerimento para decidir sobre a convocação de Dirceu para depor.

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