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Leo Pinheiro: delação “casada” com a de Marcelo Odebrecht. | Ed Ferreira/Folhapress
Leo Pinheiro: delação “casada” com a de Marcelo Odebrecht.| Foto: Ed Ferreira/Folhapress

Depois da anunciada decisão de Marcelo Odebrecht e outros executivos do Grupo Odebrecht de fazer acordo de delação premiada, chegou a hora do colega José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, também vai seguir o mesmo caminho. Pinheiro está negociando um acordo de delação premiada com as forças- tarefas da Operação Lava Jato no Paraná e da Procuradoria-Geral da República.

A decisão deve ser anunciada em breve. Pinheiro e Marcelo Odebrecht teriam tomado simultaneamente a decisão de partir para a delação. “As negociações estão avançando. Na hora que um fechar o acordo, o outro também fecha. É uma questão de sobrevivência”, disse um interlocutor de um dos empresários.

Operação casada

Numa operação casada, Marcelo e Léo Pinheiro querem se colocar à disposição dos procuradores para delatar o que sabem sobre a corrupção na Petrobras e em outras áreas da administração pública. Em troca, pretendem receber os benefícios previstos em lei, assim como outros réus da Lava Jato. O acordo, segundo a fonte, não envolve combinação de versões entre os executivos. O plano é os dois fazerem opções simultâneas por uma mesma tentativa de resolver o problema. “O acordo de colaboração de um está casado com o do outro”, disse uma pessoa que acompanha de perto as tratativas entre as partes.

Um dos objetivos da decisão dos donos da Odebrecht e da OAS é salvar as duas empresas de prejuízos irreversíveis ou até mesmo da bancarrota, caso as investigações da Lava Jato se prolonguem por tempo indefinido. Uma ação conjunta a favor de acordos de delação evitaria, segundo a fonte, um futuro descompasso entre as duas gigantes da construção civil. Odebrecht e OAS acham que uma ação isolada de uma das empreiteiras poderia ser fatal para uma ou para ambas. Uma iniciativa simultânea reduziria riscos.

Relações com Lula

A delação dos dois empresários poderia ser explosiva. A Odebrecht e a OAS estão entre as maiores financiadoras de campanhas eleitorais no país. As duas empresas também teriam papel fundamental no esclarecimento sobre as questões levantadas na 24.ª etapa da Lava Jato: as relações entre os dois grupos e o ex-presidente Lula. As empreiteiras fizeram um consórcio informal para fazer reformas em sítio de Atibaia (SP) usado por Lula. O sítio está em nome de Fernando Bittar e Jonas Suassuna. A força-tarefa investiga se o sítio pertence ao ex-presidente.

Os investigadores querem saber também por que a OAS fez reforma num apartamento triplex no Guarujá. O apartamento era destinado a Lula, mas ele anunciou o desinteresse em ficar com o imóvel depois que os gastos da OAS no empreendimento passaram a ser investigados. Odebrecht e OAS estão entre as cinco empreiteiras que mais repassaram dinheiro para o Instituto Lula e para a LILS Palestras e Eventos, a empresa responsável pelas palestras do ex-presidente.

Pressa

Segundo a fonte, representantes dos dois empresários participam da negociação, e os dois grupos têm pressa em chegar logo a um desfecho, por questões financeiras e penais. Pinheiro, que está em prisão domiciliar, já foi condenado a 16 anos de cadeia. Se a condenação for confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, Pinheiro voltará imediatamente à prisão em regime fechado.

A situação de Pinheiro se complicou especialmente depois de deliberação recente do Supremo Tribunal Federal sobre a execução penal. Para o tribunal, o cumprimento da pena começa a partir da ratificação de condenação em segunda instância e não do trânsito em julgado do processo, como ocorria anteriormente.

O caso de Marcelo Odebrecht é diferente, mas as perspectivas deles não são melhores. O executivo, que está preso em Curitiba desde 19 de junho do ano passado, sabe que tem poucas chances de sair da prisão diante do volume de acusações que surgem sobre o envolvimento da empresa dele com a corrupção na Petrobras. Devido às investigações, a Odebrecht já perdeu contratos e tem feito corte de funcionários.

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