
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto vai prestar depoimento nesta quarta-feira (4) no processo que investiga irregularidades na Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). A juíza Cristina Balbone Costa, da 5.ª Vara Criminal de SP, indeferiu o pedido da defesa para adiar a audiência marcada para esta quarta. Vaccari, que está preso desde abril por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, está no fórum da Barra Funda. O processo corre em segredo em Justiça.
Esta quarta marca o último dia das audiência dos reús da ação. Além de Vaccari, estão previstos outros cinco depoimentos, todos de ex-dirigentes ligado ao Bancoop: Ana Maria Érnica (diretora do sindicato dos bancários e diretora da Bancoop), Tomas Edson Botelho (diretor da Bancoop), Leticya Achur (advogada da Bancoop), Henir Rodrigo de Oliveira (mulher de Tomas) e Helena da Conceição Pereira Lages (diretora da cooperativa). Outros quatro acusados já morreram.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, houve desvios nas finanças da Bancoop para financiar o caixa de partidos políticos durante o período que Vaccari presidiu a instituição, entre 1999 e 2009. O ex-tesoureiro do PT foi denunciado em 2010, mas a ação só foi aberta este ano.
No pedido para adiar o depoimento, a defesa do ex-tesoureiro alegou que o MP incluiu um laudo financeiro ao processo na semana passada e ainda não teve tempo para analisá-lo. O documento já fazia parte da ação. Contudo, por um erro, teve que ser refeito. O laudo foi anexado ao processo na semana passada.
Uma das vítimas da Bancoop, o cooperado Marco Migliaccio reclama da tentativa da defesa de adiar o processo. “ Estamos acompanhando esta história há mais de dez anos sem uma solução. O que foi feito é um roubo de mais de 5 mil cooperados. Desde que o Vaccari assumiu a presidência da Bancoop, em 2005, o que vimos foi uma sucessão de fraudes”, diz o cooperado.
Durante a gestão do ex-tesoureiro do PT, o Bancoop foi à falência após registrar perdas superiores a R$ 100 milhões. A falência paralisou obras tocadas pela cooperativa, mas segundo a denúncia do MP paulista dirigentes ligados ao PT conseguiram receber os imóveis dentro dos prazos.
O ex-tesoureiro do PT embarcou de Curitiba para São Paulo pela manhã, por volta das 8h30, e seguiu direto para o fórum, onde aguarda numa sala reservada aos réus da ação. Além da audiência, está previsto um novo depoimento ao MP de São Paulo, que também será realizado no fórum, relativo a desdobramentos da investigação sobre a Bancoop. Os custos da viagem serão pagos pelas partes do processo no final da ação.
Apartamento de Lula
Em dezembro do ano passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terminou as obras de reforma do apartamento triplex no Edifício Solaris, no Guarujá, que ele e dona Marisa Letícia, sua mulher, compraram por meio da Bancoop, ainda na planta, em 2006. A Bancoop deixou três mil famílias sem receber os sonhados apartamentos. Por isso, Vaccari precisou contratar a OAS para terminar pelo menos cinco prédios da Bancoop. Um deles foi o prédio onde Lula tem o triplex.



