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escândalo na petrobras

Executivo de empreiteira diz ter notas que confirmam pagamento de propina

Erton Fonseca, da Galvão, disse que o ex-diretor da estatal Renato Duque ganhou R$ 8,8 milhões. Dinheiro iria para o PP

Renato Duque, ex-diretor da Petrobras: executivo da Galvão disse pagou propina ao funcionário da estatal | Leo Pinheiro/Folhapress
Renato Duque, ex-diretor da Petrobras: executivo da Galvão disse pagou propina ao funcionário da estatal (Foto: Leo Pinheiro/Folhapress)
Uma das notas fiscais apresentadas à Justiça como prova da denúncia |

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Uma das notas fiscais apresentadas à Justiça como prova da denúncia

Acusado de transportar dinheiro de propina em espécie, Adarico Negromonte (de óculos escuros) era o único dos 25 suspeitos da nova fase da Operação Lava Jato que teve a prisão decretada pela Justiça mas que ainda estava solto |

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Acusado de transportar dinheiro de propina em espécie, Adarico Negromonte (de óculos escuros) era o único dos 25 suspeitos da nova fase da Operação Lava Jato que teve a prisão decretada pela Justiça mas que ainda estava solto

Costa teria recebido R$ 1 mi |

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Costa teria recebido R$ 1 mi

O executivo Erton Medeiros Fonseca, da Galvão Engenharia, entregou à Justiça notas fiscais que, segundo ele, comprovam o pagamento de propinas em obras da Petrobras. Os pagamentos somam o valor de R$ 8,863 milhões e teriam sido feitos entre 2010 e 2014 para o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. A Galvão e outras duas empreiteiras também confirmaram à  CPI mista da Petrobras que fizeram repasses a empresas ligadas ao doleiro Alberto Youssef e a Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal.

A ordem para pagar propinas a Duque teria partido de Shinko Nakandakari, empresário que atuava como intermediário de negócios na Diretoria de Serviços. As notas mostram pagamentos para LFSN Consultoria e Engenharia. Na planilha apresentada à Justiça, aparecem como destinatários do dinheiro Luís Fernando Sendai Nakandakari e Juliana Sendai Nakandakari. Fonseca disse que Shinko atuava junto com Pedro Barusco, ex-gerente executivo de Engenharia da Petrobras, que firmou acordo de delação premiada e vai devolver aos cofres públicos US$ 97 milhões.

Segundo o advogado de Fonseca, José Luis de Oliveira Lima, a Galvão obteve contratos "de forma lícita", mas teria sofrido extorsão. Parte do dinheiro teria ido para o Partido Progressista (PP).

Na petição, os advogados dizem que a Galvão "deixou de receber, sem motivo aparente, cartas-convite de inúmeros certames para os quais estava apta e tecnicamente capacitada" antes de pagar propina. Entre 2006 e 2014 a empresa teria enviado 20 requerimentos para solicitar sua inclusão.

Os dois endereços da LFSN nas notas (na Rua Tito, 86 e o atual, na Rua Flórida, 1.790) são de edifícios residenciais em São Paulo. A reportagem não conseguiu localizar os donos da consultoria.

CPI

A Galvão informou à CPI ter repassado R$ 5,1 milhões à MO Consultoria, empresa controlada por Youssef. Já a Camargo Corrêa comunicou 21 transferências no valor de R$ 3 milhões à Costa Global Consultoria, de Paulo Roberto Costa, entre outubro de 2012 a dezembro do ano passado. 

A Engevix fez negócios com três empresas ligadas a Youssef: MO Consultoria; Empreiteira Rigidez; e GFD Empreendimentos. Como líder do consórcio Rnest, responsável por obras na refinaria Abreu e Lima, a Engevix firmou contrato de R$ 5,7 milhões com a MO Consultoria, em 2009, e de R$ 2,1 milhões com a GFD, em janeiro deste ano. Já como líder de outro consórcio, o Integradora URC, a Engevix contratou a Rigidez por R$ 4,8 milhões, em outubro de 2009.

Irmão de ex-ministro das Cidades se entrega à PF em Curitiba

Laura Leal Bordin

O último foragido da sétima fase da Operação Lava Jato, Adarico Negromonte Filho, se entregou na manhã de ontem na sede da Polícia Federal (PF) em Curitiba. Negromonte, que é irmão do ex-ministro das Cidades Mario Negromonte (PP-BA), chegou pouco depois das 11 horas à superintendência da PF, no bairro Santa Cândida, acompanhado de duas advogadas. Ele chegou a pé ao local, sorrindo, e não respondeu às perguntas dos jornalistas.

De acordo com Rosalvo Ferreira Franco, superintendente da PF em Curitiba, Negromonte se apresentou aos delegados e passou pelos trâmites legais. À tarde, ele deixaria a carceragem para fazer o exame de corpo de delito, no Instituto Médico Legal (IML). Ainda não há data marcada para que o depoimento dele seja colhido.

A advogada Joyce Roysen já fez um pedido de revogação da prisão temporária. Segundo ela, o pedido foi feito porque o suspeito tem colaborado com as investigações. "Sempre houve colaboração, e pela condição de saúde e idade avançada, esperamos a compreensão da Justiça", afirmou Joyce. Segundo ela, Negromonte tem 70 anos, é aposentando e sofre de pneumonia viral crônica.

Adarico Negromonte é suspeito de ligação com o doleiro Alberto Youssef, um dos pivôs da Lava Jato. De acordo com as investigações, ele entregava o dinheiro da propina repassada por Youssef a agentes públicos e partidos. Ele faria o transporte dos valores em espécie.

Negromonte teve a prisão temporária, válida por cinco dias, decretada no último dia 14, mas estava foragido desde então. Ele era o único dos 25 alvos da operação que tiveram prisão decretada e ainda não havia sido preso. A sétima fase da Operação Lava Jato investiga um esquema de fraude em licitações na Petrobras. Dos 25 alvos da operação que tiveram a prisão decretada, 11 foram liberados após prestar depoimentos.

Colaboraram Kelli Kadanus e Paulo Galvez da Silva, especial para a Gazeta do Povo.

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