
Os executivos Júlio Camargo e Augusto Mendonça, do grupo Toyo Setal, listaram em depoimentos de delação premiada dez obras da Petrobras em que pagaram propina para as diretorias de Abastecimento, Internacional e de Serviços da estatal. Parte da propina foi paga em dólar: US$ 40 milhões. Outra, em reais: R$ 43 milhões. Além disso, em duas obras os executivos não detalharam o valor pago indevidamente.
O maior valor pago em uma única obra foi de US$ 40 milhões. Trata-se de um contrato firmado entre a Petrobras e a Samsung para construção de duas sondas de perfuração para águas profundas que seriam usadas na África e no Golfo do México.
O valor pago para participar das obras foi de US$ 15 milhões, pela primeira sonda, e de US$ 25 milhões, pela segunda. Júlio Camargo nega que a Samsung tenha conhecimento do valor pago em propina, já que os valores eram pagos por ele com parte do dinheiro recebido de comissão por intermediar o contrato.
Segundo Júlio Camargo, em 2005 a Samsung pediu que a empresa Piemonte, pertencente ao executivo, intermediasse o contrato. Camargo teria procurado o lobista Fernando Baiano, já que ele era uma figura conhecida na Petrobras, por ter um "bom trânsito" dentro da estatal, nas áreas de Abastecimento, dirigida por Paulo Roberto Costa, e Internacional, dirigida por Nestor Cerveró. O executivo da Toyo Setal afirmou que parte do valor foi depositada em contas da GFD Investimentos, empresa controlada pelo doleiro Alberto Youssef.
Repar
O segundo maior valor pago em propina é referente a duas obras da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, região metropolitana de Curitiba, a partir de 2007. As obras de construção de uma unidade de coque para a refinaria e construção da unidade de recuperação de enxofre, retificação de águas ácidas, tratamento de gás residual e das subestações somaram, juntas, R$ 32 milhões em propina.
Ainda em 2007 foram pagos R$ 6 milhões em propina por obras na Repav, em São José dos Campos (SP), segundo Júlio Camargo. A obra foi obtida pelo Consórcio Ecopav, formado pelas empresas Toyo JP, OAS e SOG. Segundo o executivo, o pedido do pagamento partiu de Paulo Roberto Costa e Renato Duque. A obra custou R$ 1 bilhão.
No mesmo ano, as obras do Projeto Cabiúnas 2, cujo objeto do contrato era a construção de uma estação de compressão de gás, renderam R$ 3 milhões para a diretoria de Serviços, a pedido de Duque e do ex-gerente Pedro Barusco. A obra era de responsabilidade do Consórcio TSGAS, formado pelas empresas Toyo JP e SOG.
As obras do Gasoduto Urucu Manaus, de acordo com Júlio Camargo, que custaram R$ 427 milhões, renderam R$ 2 milhões em propina. O pagamento, de acordo com o executivo, foi feito a Renato Duque e Pedro Barusco. A empresa responsável por tocar a obra era a Camargo Corrêa.



