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A falta de manutenção nos trilhos e a sinalização precária na via podem ter sido responsáveis pelo acidente envolvendo dois trens em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. O presidente do Sindicato dos Ferroviários, Walmir Lemos, o Índio, um maquinista e especialistas apontam que a conservação dos trens e dos trilhos podem ter provocado o acidente que deixou oito mortos e mais de cem feridos.

Segundo a concessionária SuperVia, a composição prefixo UP-171, que partira da Central do Brasil em direção a Japeri às 15h10 da quinta-feira (30), com cerca de 800 passageiros, bateu no último vagão do comboio WP-908, que manobrava vazio a 200 metros da estação de Austin, às 16h09. O resgate às vítimas durou cerca de três horas. Continuam internadas no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, mais de 20 pessoas. Uma comissão foi formada para apurar as causas do acidente. O laudo deve sair em dez dias.

"Os trilhos são mantidos em suas posições por uma placa de ferro, que deve ser fixada por quatro parafusos atarrachados (especiais). Só que, geralmente, a SuperVia só mantém um parafuso de fixação nos ramais. Quando isso acontece, não tem como um trem não descarrilar", afirmou.

O sindicalista mostrou um documento, datado de 2001, quando teria informado as irregularidades ao Ministério Público Estadual. Um maquinista que prefere se manter no anonimato falou com exclusividade ao Globo Online e disse que o acidente era uma tragédia anunciada . Ele afirmou que a concessionária SuperVia está retirando desvios da linha.

"A situação é de calamidade, a SuperVia está forçando uma barra com trens que não podem circular e sem material para suprir as necessidades. A empresa está, na verdade, quebrando um galho, maquiando problemas. Isso aconteceria, mais cedo ou mais tarde", contou o maquinista. E acrescentou: "Muitos trens circulam sem velocímetro, portas e rádio. Às vezes o maquinista tem que usar o próprio celular para falar com a Central".

A equipe de reportagem do Globo Online entrou em contato com a assessoria da SuperVia, mas a empresa só vai se posicionar após a conclusão do laudo da perícia. A assessoria informou ainda que qualquer conclusão é prematura e precipitada sem o laudo da perícia.

Uma equipe de técnicos da Supervia trabalha na retirada dos vagões. O tráfego de trem no ramal Japeri está interrompido a partir de Comendador Soares. De acordo com o coordenador de operações da Supervia, João Gouvêa, a expectativa é que os trilhos sejam liberados a partir do meio-dia, no sentido Central do Brasil, e um pouco mais tarde, no outro sentido. Ainda segundo Gouvêa, depois do trabalho de liberação dos trilhos a concessionária começará a investigação das causas do acidente.

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